CÁSSIA LIMA
O Rio Amazonas é famoso por sua beleza e tamanho, mas ainda surpreende. Para a surpresa de biólogos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), uma espécie de ostra se adaptou à água doce do Rio Amazonas, e criou um ecossistema na orla da cidade. As ostras vieram parar no Amapá por meio de cargueiros.
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A bióloga Luciedi Tostes explica filtração das ostras garantiu adaptação ao Rio Amazonas. Fotos: Cássia Lima
A espécie pertence ao gênero Crassostrea, e geralmente cresce em águas marinhas ou salobras. Elas se defendem de um parasita capturando e enrolando eles para posteriormente transformar em pérolas.
“É muito curioso ter ostra no Rio Amazonas, porque elas se desenvolvem em águas salgadas. O que pode ter criado um pequeno ecossistema nesses ambientes são as águas que os navios trazem. Eles jogam essas águas salgadas e fica propício para desenvolvimento”, explicou a doutora em biologia, Luciedi Tostes.
A bióloga se referiu aos cargueiros que despejam águas oceânicas do lastro quando chegam ao Amapá. Junto com as águas, vários organismos acabam sendo introduzidos no Rio Amazonas.
A bióloga explica que as ostras têm um sistema de filtração poderoso capaz de reter só o que é necessário para sua sobrevivência. Isso pode explicar porque a espécie conseguiu se adaptar ao Amazonas, e porque tem uma coloração mais escura. Vale lembrar que o esgoto da capital é despejado no rio sem tratamento.
“Quando acabar esse ambiente elas não mais se desenvolvem. Ostras são seres bivalves (possuem conchas) e extremamente adaptáveis, mas isso é novo para nossa realidade. E sim, elas são comestíveis e uma delícia”.
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Apesar do esgoto da cidade ser despejado no rio, ostras têm sistema de purificação que permite sobrevivência
As ostras estão sendo capturadas e vendidas por moradores da orla de Macapá. Por enquanto, não há grandes perdas para o meio ambiente, mas o fenômeno já está sendo estudado por especialistas do Iepa.