CÁSSIA LIMA
Atualmente, o Amapá é classificado pelo Ministério da Agricultura como área de alto risco para febre aftosa. Mas a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro) diz que esse cenário deve busca mudar em 2017.
A classificação, que é considerada uma evolução já que há dois anos o Amapá era ‘risco desconhecido’ (pior posição), se deve a uma série de fatores, entre eles a deficiência na cobertura vacinal e falta de pessoal de fiscalização.
O gado amapaense que possui 326 mil cabeças de gado, entre bovinos e bubalinos. A proposta é criar um isolamento vacinal. Para isso, a campanha de vacinação contra a febre aftosa ocorre desde 15 de setembro e vai até 15 de novembro.
Nesta campanha, além da vacinação, ocorre uma contagem do gado, recadastramentos e cadastramento, e uma longa conversa com os proprietários inadimplentes ou que não atingiram a meta do ano passado.
O presidente da Diagro, José Renato Ribeiro, falou com o SELESNAFES.COM.
O Amapá está longe de ficar livre da Febre Aftosa?
Não. Estamos fazendo os ajustes que tem que ser feitos que baseados na determinação do Ministério da Agricultura. São recomendações a questões culturais, logísticas e de comunicação, que era um dos grandes gargalos nossos. Na semana passada, conseguimos um contrato com uma empresa para a utilização de celulares e moldem distribuídos entre a Diagro e os órgãos. Eles vão ajudar no recolhimento de informação e análise de dados, aperfeiçoando tudo porque tudo isso faz parte das condicionantes do ministério. Precisamos atingir a cobertura vacinal,
Alguma área precisa de atenção especial?
Sim. Umas são apenas falta de documentação, mesmo. Em outras áreas vamos fazer um isolamento sanitário, como é a região do Lago Piratuba, que é uma área grande que tem reserva de animais. Lá nós temos que aumentar a cobertura vacinal porque a demanda aumentou bastante.
Qual a principal dificuldade de atingir essa meta de 90% de cobertura vacinal?
Nossa grande dificuldade é porque somos um estado ilhado e a entrada de determinadas doenças virais exige um controle mais efetivo. Então estamos intensificando ações de vigilância no rebanho, controle de trânsito, fiscalização na documentação.
Acabamos de terminar, no mês de julho, um relatório onde não foi detectado em nenhum animal o vírus da febre aftosa, e nosso último caso aqui no Amapá foi em 1997, de um animal procedente do Pará. As medidas foram tomadas só precisamos intensificar.
Nossa produção é autossuficiente para o estado?
Não, se você for analisar percebe que temos uma taxa de desfrute do rebanho. Isso significa que as fêmeas ainda não estão com reprodução muito alta. Se 30% delas forem para o abate começamos a ter uma regressão de rebanho. Então com o tempo nos diminuímos a capacidade de produção de bezerros. O Amapá ainda precisa aumentar a eficiência no pasto para trabalhar mesmo o um nível de tecnologia para assim aumentar o nível de eficiência e reprodução da carne.
O Amapá, assim como os estado do Amazonas e Roraima estão em alto risco de aftosa. O que a Diagro está fazendo para mudar isso?
Nosso objetivo é aumentar o atendimento às comunidades que têm gado, mas não possuem documentação necessária. O Amapá tem um potencial gigantesco com a produção, principalmente do búfalo, que é o ouro negro do Estado. Isso pode gerar muitos recursos para o estado desde que a produção esteja dentro das normativas que a lei determina e que isso passe a ser convidativo para o mercado. Estamos intensificando as ações para que na próxima inspeção a nossa área receba o selo verde para exportarmos e vendermos essa carne com segurança e qualidade.
Em 2007, houve exportação de 1.900 cabeças de gado para o Líbano. É possível isso acontecer novamente?
Sim, só precisamos conseguir atingir esse status. Estamos trabalhando pra isso e nossa equipe que é qualificada e bem preparada está focando nisso. Para exportar carne para o exterior temos que seguir diversos padrões locais, nacionais e internacionais e o selo verde é o nosso principal agora.
Estamos fazendo parcerias com a iniciativa privada, porque eles têm um interesse grande, assim como o estado também quer. Se a gente conseguir isso vamos aumentar nossa capacidade na cadeia comercial da carne. Nosso objetivo é trabalhar esse alimento do pasto até a mesa do consumidor e elevar a qualidade do produto
O Amapá ainda tem muito gado irregular?
Não diria irregular, mas que não tem o acompanhamento necessário. Isso acontece porque faltam registro e acessos. É vital para nós termos o controle do rebanho, e isso só funciona com a colaboração e interesses dos criadores.
Quais as estratégias que a Diagro usa para alcançar esse objetivo?
A primeira é um relacionamento e parceria com os produtores. Nesse momento estamos falando a mesma língua e trabalhando e cima da mesma tabuada. Então isso é importante para, através desse alinhamento, a gente ter apoio logístico do ministério. O governo tá envolvido nisso e buscamos essa segurança alimentar e pública.