OLHO DE BOTO
Depois de horas de buscas, guardas civis metropolitanos e policiais militares encontraram no fim da Rodovia Norte-Sul o corpo do jovem de 18 anos que estava desaparecido desde a última quarta-feira, 5, na Zona Norte de Macapá. Segundo a PM, ele teria sido atraído para uma armadilha organizada por um traficante e uma mulher de 19 anos.
Felipe Silva Ramos foi torturado, esfaqueado e espancado até a morte. Ele foi visto pela última vez na companhia de amigos na noite da quarta-feira no Bairro Infraero I, onde morava com a família. Os pais, preocupados com o sumiço, chamaram a polícia.
O jovem é filho de um guarda civil, e os colegas solidários iniciaram buscas na área de mata da Rodovia Norte-Sul. Enquanto isso, policiais militares do 2º BPM foram até a residência onde Felipe estaria bebendo com amigos.
O barraco de madeira fica numa invasão em área alagada e é de difícil acesso. Dentro do imóvel, os policiais perceberam que estavam numa cena de crime. Havia muitos vestígios de violência, como sangue e móveis revirados.
Policiais do Batalhão de Rádio Patrulhamento Motorizado (BRPM) conseguiram identificar e localizar dois menores e uma mulher de 19 anos que estavam com Felipe Ramos no barraco quando ele foi morto. Um adolescente de 14 anos confirmou que participou na morte e indicou o local onde o corpo foi abandonado.
Depois de morto, Felipe Ramos foi enrolado em um colchão e transportado em uma picape montana que foi apreendida.
“Acho que iam tocar fogo nesse colchão para tentar dificultar a identificação e destruir outros vestígios”, comentou um amigo da vítima que ajudou nas buscas e esteve no local onde o corpo foi deixado.
Hora da morte
Felipe Ramos tinha muitos ferimentos pelo corpo, especialmente na cabeça e no rosto, provocados por pauladas. Peritos da Polícia Técnica estimaram a hora provável da morte em 00h30min da quinta-feira, 6.
“Teria sido apenas deixado aqui o corpo. Mas o início da ocorrência foi no Bairro Infraero I. A Polícia Civil vai apurar. Há testemunhas que informaram os possíveis autores do homicídio”, comentou o tenente Uesclei Costa, do Batalhão de Policiamento Rodoviário Estadual (BRPE).
“Encontramos o corpo amarrado com vários hematomas e enrolado em colchões, provavelmente para esconder o corpo durante o transporte. A casa onde o crime aconteceu fica numa invasão em área alagada e de difícil acesso. Tivemos que passar por cima de vários miritizeiros para chegar lá. Eles (os assassinos) tiveram muito trabalho para carregar o corpo de lá”, observou o GCM, Richard.
Vingança ou dívida
Os menores apreendidos e a mulher de 19 anos deram alguns detalhes a respeito do assassinato. Segundo eles, havia mais de 10 pessoas no barraco bebendo e consumindo drogas. O local era ponto de encontro bastante usado pelos criminosos.
“Em um determinado momento, quando o Felipe Ramos estava distraido, alguém chegou por trás e deu um mata-leão nele. Outro já chegou esfaqueando ele, que caiu. Quando isso, aconteceu, começou o espancamento. É uma gangue, então cada um fez alguma coisa. Todos participaram, incluindo as meninas”, informou o comandante do BRPM, coronel Paulo Matias.
Felipe Ramos foi atraído para uma armadilha, de acordo com o depoimento dos criminosos. O adolescente que confessou o crime disse que a vítima tinha dívida de drogas com um traficante identificado como Paulo Emídio, que está sendo procurado. Mas depois essa versão mudou.
“Eles disseram que o Felipe tinha participado do homicídio de um amigo deles, por isso organizaram a vingança”, relatou o comandante.
Por enquanto, apenas três foram detidos e responsabilizados pelo assassinato, mas a PM já identificou outros acusados e faz buscas na região.