CÁSSIA LIMA
Apesar do feriado prolongado em várias instituições do Estado, muitas pessoas acordaram cedo na manhã desta segunda-feira, 31, para limpar sepulturas de amigos e parentes nos cemitérios de Macapá. Alguns vendedores já começaram a montar suas barracas para comercializar produtos.
Há uma semana que aumenta a movimentação nos cemitérios da cidade. A prefeitura faz o serviço de limpeza das ruas e muitas pessoas limpam sepulturas ou pagam para autônomos fazerem o serviço.
A servente Maria das Graças, de 43 anos, acordou cedo para limpar o jazigo da família no cemitério São José, no Bairro do Buritizal, na Zona Sul. Ela conta que na sepultura estão enterrados o padrasto e a mãe.
“Enquanto eu tiver vida e saúde eu venho limpar e no do Dia dos Finados visito com as minhas irmãs. Pra mim essa é a forma de prestar uma homenagem para quem tanto amamos em vida e que continuam sendo especiais depois da morte”, disse a servente que lavava a sepultura.
Mesmo com a limpeza da prefeitura, há muitos entulhos e sacos de lixo acumulados em cantos dos cemitérios. Seu José Maranhão, de 72 anos e Antônio Guida, de 49 anos, já estão preocupados onde vão colocar o lixo.
“Sempre venho limpar no dia dos pais, das mães, natal, nessas datas. Aqui está enterrado meu irmão, meu filho, meu pai, minha mãe e minha irmã. Já estamos amontoando o lixo e vamos colocar junto com os outros sacos para a prefeitura levar”, disse Antônio.
Enquanto a data é um momento de homenagem e nostalgia para muitos, para outros o momento é oportuno para gerar uma renda extra no mês.
Várias pessoas já montaram barracas próximas aos cemitérios para vender flores, velas e até material de limpeza. Mas para os trabalhadores mais experientes já dizem que “o movimento” caiu muito devido à crise.
“Olha, em anos anteriores, uma semana antes já tínhamos ganhado muito dinheiro na limpeza de sepulturas, mas esse ano muita gente tá vindo limpar e não estão contratando a gente”, reclamou o autônomo Josiel Reis.
Os estudantes Felipe dos Santos, de 19 anos, e Willian Nascimento, de 16 anos, tem a mesma reclamação. Eles dizem que chegaram a ganhar até R$ 300 por dia limpando sepulturas. Hoje a realidade é outra. A dupla ganha no máximo R$ 150.
“As famílias estão preferindo vim limpar. Esse é nosso primeiro serviço hoje. Estamos lixando para pintar, por isso usamos a camisa no rosto por causa do pó. Já trabalho nesses bicos há cinco anos, mas esse ano o movimento tá fraco mesmo”, disse Felipe.