CÁSSIA LIMA
A foto acima é de um aluno menor de idade bebendo dentro da escola. Professores, pais e alunos da Escola Estadual Reinaldo Maurício Golbert Damasceno, localizada na comunidade Cuba de Asfalto, no Bairro do Buritizal, Zona Sul de Macapá, alegam estar sofrendo perseguição e assédio moral do diretor da escola, que teria permitido o consumo de álcool em uma festa no colégio.
As denúncias são várias e já foram parar na delegacia. Segundo os pais de alunos, tudo começou há alguns meses quando o professor Oziel Dias, foi nomeado para dirigir a escola.
“Na primeira reunião que ele teve com os pais aqui na escola ele mesmo disse. Que ia fazer mudança porque não aceitava aluno bandido e professor vagabundo. Olha, eu trabalho e sei que aqui no bairro tem umas pessoas que não é bom se misturar, mas meu filho e outros alunos não são bandidos”, disse a mãe de aluno, Maria de Nazaré Silva, de 48 anos. Ela diz que foi a primeira de uma longa lista que o diretor teria assediado moralmente.
As reclamações do diretor chegaram à polícia no mês passado, no Dia do Estudante. A dona de casa Rosenilda de Paula, mãe de aluno, foi à escola pela manhã e descobriu que ia ter uma festa em comemoração pela data, mas a escola não avisou aos pais que seria até às 21h.
“Eu falei pra ele comunicar os pais da festa e dizer que seria até às 21h porque me preocupo como mãe. Ele gritou ‘você não venha me dar ordens’. Me xingou e desceu o nível, me menosprezou mesmo. Fiquei sentida”, ela conta.
No dia da festa, além de não avisar os pais do horário da programação, a direção da escola ainda autorizou venda de bebida na escola. De acordo com os pais, o próprio diretor teria ajudado numa coleta para comprar álcool para os alunos.
“Esse diretor é doido. Eu mesma já fiz um documento enquanto mãe de aluna, para denunciar na Seed os assédios desse homem que não tem conduta para ser gestor de escola”, disse a doméstica, Julia de Souza, de 36 anos.
A situação absurda foi o cúmulo para o professor Rafael Saldanha, que chamou o Conselho Tutelar.
“Nós chamamos o Conselho Tutelar e ele, o diretor, destratou a conselheira. Ela foi correta e serene, cumpriu o seu papel e depois denunciou ele na Delegacia da Mulher. Quando ele soube que fui eu quem fez a ocorrência, ele cortou o meu ponto e me devolveu da escola”, contou o professor.
Outros professores tentaram intervir na situação. Eles mandaram documentos relatando o caso para a Secretaria de Educação (Seed), Polícia Civil e Conselho Tutelar.
“A Seed tá ciente, mas protege o diretor. Ele não respeita ninguém e acha que pode gritar com qualquer pessoa. Ele mesmo bate no peito e diz que vai mandar os “reclamões” embora. Diz que aqui é ele quem manda”, disse um professor que preferiu não se identificar.
Mesmo com a devolução de alguns professores, o diretor, segundo os educadores, continua falando mal deles aos próprios alunos. Alguns estudantes mandaram mensagem no whatsapp avisando ao professor Saldanha da situação.
“Ele me devolveu e fica me caluniando por aí. Os meus ex-alunos me mandam mensagem comprovando isso. Uma pessoa desequilibrada dessa tem má conduta enquanto gestor. Ele gritou comigo e disse que ele quem mandava na escola”, frisou Saldanha que hoje aguarda ser remanejado pela Seed para outra escola.
A equipe do site SELESNAFES.COM falou com o diretor que disse que “não ia perder tempo com acusações de gente incomodada”.
“Ah, a respeito disso daí eu não tenho o que falar. Já falei para os servidores e pais de alunos, quem acha que eu tô ofendendo que vá e procure os seus direitos. Isso é mesmice de quem não tem o que fazer na vida”, se limitou a falar o diretor.
Os professores e pais de alunos que alegam assédio recorreram à justiça, e prometem denunciar também a Seed por omissão.
A Escola Reinaldo Damasceno possui 1,2 mil alunos, entre estudantes do ensino fundamental I e II, ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).