CÁSSIA LIMA
Quase 80% dos cobradores e motoristas que fazem o ponto final de duas linhas no Bairro dos Congós, Zona Sul de Macapá, já foram assaltados nos últimos dois anos. Arrastões no pequeno terminal que funciona no fim da Rua Claudomiro de Moraes são comuns e causam pânico nos profissionais que pedem mais segurança para trabalhar.
O ponto fica bem no final da rua, é todo aberto e funciona como descanso rápido e parada de alimentação para os cobradores e motoristas das empresas Capital Morena e Expresso Marco Zero, que fazem percurso no bairro. O local tem banheiros, uma cantina e vários bancos. O grande problema é que a área é aberta, e é aí que mora o perigo.
“Me assaltaram há quinze dias com arma de fogo. É muita insegurança e impotência. Você tá trabalhando e do nada alguém coloca sua vida em risco. Já perdi as contas de quantas vezes sentimos medo”, frisou o motorista Jonildo Nogueira,de 37 anos.
De acordo com a fiscal Olga Batista, que trabalha há sete anos no ponto e já foi vítima de três arrastões, os criminosos agem durante o dia. O temor e revolta só são maiores porque próximo do terminal existem uma base da Polícia Militar desativada e uma guarita da Guarda Civil Municipal abandonada.
“Nós trabalhamos com medo, perdemos celulares e joias e sem contar que nossa moral fica abatida. Nós temos colegas que já foram esfaqueados e baleados e é uma perda enorme. Não sabemos o que fazer. Só queremos a volta da guarda ou da PM”, destacou a fiscal.
Os funcionários já pediram apoio da PM, que faz rondas no local, mas ainda é insuficiente para manter longe os criminosos. As empresas de ônibus instalaram câmeras nos veículos para tentar inibir os bandidos, mas mesmo assim o perigo continua.
“Eu já fui vítima de assalto por sete vezes. Eles pegam a gente desprevenidos e nos humilham. Nosso medo é que uma atitude seja tomada somente quando um colega morrer. Eles sabem que a gente não tem segurança e que temos dinheiro das passagens e dá nisso”, comentou o cobrador Leoni Cardoso.
O motorista Rubens Sousa, que já foi assaltado mais de três vezes, fala que os assaltos são comuns no ponto e durante o percurso. De acordo com ele, pelo menos um ônibus é vítima de assalto por dia.
“É uma insegurança terrível e não sabemos o que fazer. Nossos carros têm câmeras e os criminosos assaltam do mesmo jeito. Sinceramente, não sabemos o que fazer e não dá pra largar o emprego, né. É uma situação muito difícil mesmo”.
Os funcionários acreditam que uma das soluções seria cercar o ponto e deixar o acesso restrito aos cobradores e motoristas. A ideia será levada para a reunião da classe, mas por enquanto, os trabalhadores continuam a mercê.