CÁSSIA LIMA
Muita gente só visita sepulturas no Dia dos Finados, mas no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá, existem túmulos bem visitados durante todo o ano, como o do menino Aquino e o do Mestre Sacaca.
Na manhã desta quarta-feira, 2, as sepulturas estavam limpas como sempre, mas sem grande movimentação. De acordo com o administrador do cemitério, José Rodrigues, amigos, parentes, admiradores e pagadores de promessas sempre frequentam esses túmulos.
“Tem semana que eles recebem até 6 visitas. No do menino Aquino muita gente vem pedir bênçãos e cura para doenças. O pessoal traz brinquedos, doces, flores e velas pra ele. Já o do Sacaca as pessoas agradecem os ensinamentos que ajudaram na cura de doenças”, conta o administrador.
No túmulo do menino Aquino estava o pequeno Marcelo da Silva, de 9 anos. Ouviu do pai que após a morte o menino fazia milagres.
“Meu pai me falou do Aquino e eu vim pedir um milagre para minha avó. Ela tá muito doente com problema na coluna. Eu trouxe duas caixas de velas e espero que traga saúde para minha vozinha”, frisou Marcelo.
A fama de milagroso de Aquino vem antes do falecimento. O menino Aquino Anaice da Silva faleceu aos 12 anos de insuficiência cardíaca nos anos 80. Considerada uma criança bondosa e paciente de uma família de seis irmãos, ainda no leito de morte realizou, segundo depoimentos, a cura de doenças e até recebeu uma oração com seu nome.
Oração do Menino Aquino
“Eu alcancei graça com essas palavras.
Menino Aquino que tanto sofreu da terrível doença do coração,
Meu santinho,
Meu anjinho,
Me ajudai nas causas urgentes.
Socorrei-me nesta hora de aflição.
Ajude-me alcançar esta graça.
Me ajude nesta espiritual batalha.
Rogai por nós menino
Salve Ave Maria.
E nos proteja do mal.
Amém”.
“Ele era muito bondoso e devoto da Santa Maria. Amava uma novena em casa, no Bairro do Trem. A gente considera ele um santo mesmo”, contou a irmã de Aquino, Julinda Anaice da Silva, de 44 anos.
Mestre Sacaca
O segundo túmulo mais visitado do cemitério central é o do mestre Raimundo dos Santos Souza, o Sacaca. Macapaense da gema, ele nasceu no dia 21 de agosto de 1926, e morreu dia 19 de setembro de 1999 de enfisema pulmonar, apesar de nunca ter fumado.
Famoso pelo uso de plantas na cura e tratamento de doenças, Sacaca começou a tratar pessoas por meio das plantas aos 13 anos e curou muitos. O apelido foi dado pelo cientista francês Paul Lecointe, que significa “pajé, o senhor da floresta”.
Sacaca é uma figura histórica do Bairro do Laguinho. Desde criança já era inteligente e curioso, gostava de plantas e fez carreira com plantas medicinais, apesar de nunca ter frequentado uma academia ou curso superior.
Ele é sempre homenageado pelas festividades da comunidade do Laguinho e por ser figura histórica e eterna do Banco da Amizade. Teve 10 filhos biológicos e alguns adotivos. A história e nome estão registrados no museu que leva o nome dele.
Sacaca deixou inúmeras receitas de plantas que curam, como o manjericão para combater o resfriado, e pariri para curar anemia.