CÁSSIA LIMA
Nesta sexta-feira, 11, a cantora Patrícia Bastos lança no Teatro das Bacabeiras o sexto álbum da carreira solo, intitulado “Batom Bacaba”. O show promete trazer todos os ritmos do estado com muita poesia, lirismo e sensualidade, além do amadurecimento musical da cantora.
A apresentação conta com a participação dos músicos Dante Ozzetti, Du Moreira, Marcelo Effori, percussionistas do Trio Manari, Kleber Paturi e Nazaco Gomes. A cantora Brenda Melo será convidada especial, assim como o percussionista Nena Silva, que deve balançar a plateia com cacicó, marabaixo e batuque.
O espetáculo inicia às 20h, com exposição de produtos do Centro Cultural Raízes do Bolão, do Curiaú, na entrada do teatro.
Patrícia Christiane Guedes Bastos tem 46 anos e é filha do educador Sena Bastos e da cantora Oneide Bastos. Ela concedeu entrevista ao portal SELESNAFES.COM e falou da carreira, projetos futuros e o cenário musical amapaense.
Como a música entrou na tua vida?
Desde que me entendo por gente tenho vagas lembranças de mim cantando. Isso por causa da minha família. Tenho essa memória musical. Eu lembro da minha mãe fazendo roda de seresta, chorinho e isso fez parte da minha infância. Ali eu já tinha um leque de opções. E desde os cinco anos de idade eu já cantava.
Quando você pensou em viver da música?
Aos 18 anos, que foi quando fui contratada pelo Vanildo Leal, da Banda Brinds. Antes disso eu já cantava com meu irmão e com o Finéias Nelluty em outra banda que não deu certo. Fazia participações com o Nonato Leal e o Zé Miguel em aniversários, bailes e outras festas. Isso foi lá na década de oitenta. E quando o Vanildo me chamou eu pensei, vou me profissionalizar e viver disso.
Eu era muito tímida, mas pensei que poderia cantar só e comecei a treinar pra isso em casas noturnas cantando bossa nova, música popular brasileira e amapaense. E participei depois de festivais e concursos e aos poucos fui ganhando espaço.
Qual a experiência dos 5 álbuns lançados?
Ah, eles tem as minhas fases. O primeiro foi o Pólvora e Fogo, em 2002. Ele tem uma pegada pop que era dos shows que eu fazia. Eu levava músicas antigas, mas também cantava músicas do Amapá que era a bandeira que eu queria levar. Já o segundo álbum, Patrícia Bastos In Concert, de 2004, já foi ao vivo e eu já trouxe os tambores de marabaixo e batuque fazendo fusão com a nossa música. Até então esses álbuns não saíram de Macapá e eu queria mais.
Então veio o “Sobre Tudo”, que gravei em 2007, em Belém do Pará, que já somou amigos dos dois estados e já saiu de Macapá. Mas ele também coincidiu com o projeto “Pixinguinha”. Então já foi um álbum com a essência da música amazônica e com letras muito bonitas.
Em 2009, gravei e lancei o “Eu Sou Caboca”, que já me trouxe reconhecimento nacional com indicações e me proporcionou realizar o sonho que era levar a música amapaense para o Brasil. Anos depois de muita pesquisa, gravei o “Zulusa” em 2013. E esse álbum saiu com a parceria incrível do Dante Ozzeti que me ouviu, pegou minhas ideias e colocou no álbum. E foi um trabalho que foi longe porque me premiou como melhor álbum e cantora no 25ª Prêmio da Música Brasileira e me levou para o exterior.
O que essa premiação significou pra você?
Foi o momento mais esperado da minha vida que foi levar a música do Amapá para ser ouvida e reconhecida fora do país. Esse sempre foi meu objetivo e isso significou muito porque firmou nossa história. E apesar de ser uma premiação na categoria regional, ele elevou a nossa essência musical para o mundo. Era isso que eu queria e eu me realizei com esse álbum.
O que as pessoas podem esperar de Batom Bacaba?
Ele ainda é uma extensão do Zulusa e traz fortes traços da nossa cultura, a feminilidade e a sensualidade da mulher amazônica. A nossa música é isso e o álbum traz isso. Sempre vai me acompanhar e através da Natura isso trouxe outros olhares pra nossa cultura. Esse disco é um disco de poesias, Batuques, eletrônicos, tem orquestra e tem tudo pro amapaense amar.
O que falta melhorar na música amapaense?
Ah, eu acho que os músicos devem acreditar no seu trabalho e seguir a intuição, como eu fiz quando coloquei no meu som o Batuque e Marabaixo. Os governantes precisam criar uma política cultural porque hoje o artista é um semi-marginal. Mas a gente tem que parar de achar que só pode trabalhar para o governo ou prefeitura. Temos que ir mais a frente, correr com o Ministério da Cultura e procurar leis que efetivam nosso crescimento. O cantor não pode cantar só na Expo-feira. Temos que buscar mais e procurar crescer fora daqui também, mas sempre voltar e mostrar nosso trabalho para aqueles que merecem, que é o povo amapaense.
Com tantos álbuns você já está pensando em lançar DVD?
Ainda não pensei nisso. Esse é um outro trabalho que eu vou ter pra buscar apoio, projetos e financiamento. Eu acho muito legal fazer isso no Amapá que tem esse céu lindo, esse rio maravilhoso, o Mercado Central e todas as outras características, mas ainda não pensei nisso. Fico empolgada de imaginar, mas ainda não parei pra pensar no assunto. É um projeto futuro.
Foto destaque: Cássia Lima