ANDRÉ SILVA
Os moradores do Marabaixo 1, Zona Oeste de Macapá, estão assustados com a onda de assaltos que assola o bairro.
Em menos de dois meses, várias casas foram invadidas e moradores foram roubados e feitos refém. Eles contam que já pediram ajuda ao poder público, mas até agora nada foi resolvido. A suspeita é a que os bandidos estejam vindo de uma área que começou a ser invadida há mais de cinco anos.
O local é uma área de proteção ambiental, que fica na divisa dos bairros Marabaixo I, II e III. Os criminosos usam vários caminhos por dentro da mata para chegar até as casas das vítimas. A praça do bairro tem sido muitas vezes ponto de encontro para consumo de drogas.
Há cerca de duas semanas, uma moradora que não quis se identificar por medo de represálias, disse que três bandidos entraram na sua casa renderam seu filho e levaram o que podiam.
“O meu filho estava sozinho dentro de casa, aí eles chegaram. Meteram o pé na porta que é bem reforçada com vigas de ferro, mas isso depois de terem dado vários chutes. Quando meu filho se deparou, eles já estavam dentro de casa com uma arma e só diziam pro meu filho não grita e nem reagir. Eles amarraram ele e começaram a tirar as coisas de dentro de casa. Central de ar, todos os celulares de casa, R$ 400 em dinheiro, televisão”, contou a moradora.
Ainda de acordo com ela, enquanto os bandidos carregavam os objetos, chegaram a perguntar por sua filha de dez anos.
“Meu filho dizia que ela não estava em casa”, lembrou aliviada.
Outras quatro casas foram invadidas no mesmo período.
“Minha família está assustada. Os bandidos arrombaram a porta de casa e fizeram toda a minha família refém. Colocaram a arma na minha cabeça, faca no meu pescoço, levaram tudo de casa. O delegado ainda deixou a entender que eu era culpado pelo bandido ter entrado em casa, porque não tenho cachorro e minha casa não era segura. Mesmo que minha casa estivesse aberta não era pra vagabundo nenhum entrar”, contou indignado o eletricista João Batista Santiago, de 53 anos. Ele também não quis mostrar o rosto.
Cerca de 10 vizinhos se reuniram para falar com a reportagem do portal SELESNAFES.COM. Nenhum quis ser identificado por medo. Entre eles, um policial da reserva.
“Eu não culpo a instituição, mas sim o governo. Há mais de cinco anos o governo não faz concurso. Vários homens já entraram na reserva e esse pessoal ainda não foi reposto. Aqui tá uma terra sem lei. Eu moro há mais de quatro anos nesse lugar e ainda não tinha passado por isso”, contou o policial aposentado.
O medo é unanime. A maioria diz que só vai dormir no meio da madrugada porque tem medo de novas invasões e roubos.
Alem dos constantes assaltos e roubos, os moradores se queixam da falta de iluminação pública na maioria das ruas, principalmente as que estão às margens da área de proteção ambiental.
Até um espaço usado para leitura, construído por uma moradora, não é mais usado por conta do medo.