CÁSSIA LIMA
Entidades da sociedade civil organizada realizam neste domingo, 20, a partir das 16h, um ato a favor da manutenção de uma árvore centenária localizada na Avenida Iracema Carvão Nunes, no Centro de Macapá. A disputa foi parar na justiça depois que o dono do terreno reivindicou o corte para uso comercial da área.
A árvore está localizada dentro do terreno onde funciona, em prédio alugado, A Escola Estadual Barão do Rio Branco. Trata-se de uma faveira, planta típica do cerrado, tem mais de cem anos e é tombada como patrimônio imaterial de Macapá. É conhecida pelos longos galhos e troncos grossos, além da sombra enorme.
A polêmica surgiu ainda no ano passado quando os grupos Memorial Amapá e o Memórias Urbanas tomaram conhecimento do fato e decidiram questionar se realmente havia necessidade da remoção.
“Nós somos contrários a essa derrubada porque ela não gera perigo algum, ao contrário, ela é linda e tem uma sombra maravilhosa. Eu tenho minhas memórias de infância dessa árvore e nós queremos que as outras pessoas e crianças também tenham isso”, frisou Eloane Cantúaria , professora da Unifap e coordenadora do ato de domingo.
De acordo com a documentação e o pedido registrado na Procuradoria Geral da Fazenda, o dono do terreno solicita autorização para a derrubada da árvore, já que as raízes da planta devem ser retiradas para a construção do alicerce da obra.
O processo do ano passado teve uma resposta no segundo semestre deste ano com um laudo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) autorizando apenas a podagem.
“No nosso laudo autorizamos só uma poda já que a arvore não gera riscos. A procuradoria pediu para a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) para fazer outro laudo, e a técnica de lá fez um laudo favorável ao corte da árvore . Só que nós recorremos do parecer que está cheio de erros”, explicou o chefe da divisão de arborização da Semam, Valdiney da Silva Gomes.
Segundo o chefe de arborização, além do parecer conter erros, ele não obedece a metodologia da Sociedade Brasileira de Arborização que preconiza que laudos dessa espécie contenham três avaliadores técnicos.
“Só tem a avaliação de uma técnica quando deviam ser três. E o mais absurdo é que a compensação ambiental da derrubada da árvore consiste na plantação de uma muda. Uma árvore dessas nunca deve ser substituída por uma muda”, destaca Gomes.
Enquanto a polêmica se resolve na justiça, o debate já corre nas ruas, especialmente de quem trabalha perto do local, como é o caso do Ilton Valente, de 36 anos, que trabalha num prédio próximo do local.
“Essa árvore é histórica. Muitas pessoas vêm aqui para bater foto, tem uma sombra enorme e é uma emoção poder ver uma árvore centenária dessa em Macapá. Ela deve ser mantida”, defende Ilton.
O debate deve continuar no domingo, à sombra da própria faveira, quando o Memorial Amapá e o Memórias urbanas terá uma roda de conversa sobre o tema.
“Nós vivemos numa cidade quente, com uma sensação térmica absurda e ainda querem cortar uma árvore dessa linda, com uma sombra enorme. Pra onde vão os passarinhos daqui, e a história das famílias e pessoas que conheceram a árvore. Ela não pode sair daqui”, acrescentou o professor João de Vasconcelos.
Os dois grupos junto com a professora Ângela Carvalho irão contar a história da árvore, distribuir mudas de plantas e criar um álbum de memórias no domingo.