ANDRÉ SILVA
Um artista plástico amapaense usa tecnologia para reproduzir cenas da cultura e do passado do Amapá em telas belíssimas. Com o estilo ‘fine art’, Ronaldo Picanço confecciona obras desde 2000, e é um dos pioneiros do estilo no Amapá, alem de estar entre os 10 artistas que estarão expondo no “Revoada das Cores”.
Ronaldo José Picanço e Silva, de 61 anos, é amapaense e filho de uma família tradicional do estado. O pai era Duca Serra, que empresta o nome para uma das principais rodovias que liga Macapá ao município de Santana.
Ele lembra que foi da casa do pai que saiu a primeira procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. A família era a única que possuía uma imagem da santa em Macapá, e a saída da procissão de sua residência, que ficava no Largo dos Inocentes, atrás da Igreja matriz, era a condição para ceder a santa, o que aconteceu em 1936, lembra o artista.
Ronaldo é um artista “hi-tec”. Começou com os primeiros rabiscos quando criança, confeccionando cartazes na Escola Barão do Rio Branco, mas foi em 2000 que a arte aflorou de vez.
“Quando começaram a surgir os primeiros pc’s (computadores) domésticos, eu comprei um para casa sem saber muito o que fazer por conta da novidade. A gente não imaginava o que este instrumento poderia dar em temo de possibilidades. Comecei a mexer, e percebi que o computador podia ser uma ferramenta que poderia dar vazão à minha obra. Foi aqui que comecei a construir um projeto digital para mim”, recorda.
“Uso o artifício tecnológico para criar minha arte, para por pra fora minhas ideias”, conta.
Ele se inspira na cultura amapaense para pintar. O marabaixo, suas caixas e mulheres que dançam num bailar suave, são referências para sua pintura. A inspiração vem também de dois artistas amapaenses: R. Peixe e Ivam Amanajás.
“O meu processo criativo se dá muito com a criação de efeitos. Não tenho um ponto de partida em termo de ideia. As coisas vão se concebendo aos poucos”, reflete o artista.
Estilo
Ronaldo Picanço define seu estilo para além do pós moderno.
“Um pouco mais, sou um ultramoderno”, diz por se utilizar de uma plataforma tecnológica.
Ele também fala que muitos artista poderão se apropriar dessa tecnologia no futuro. Para ele, a arte digital vai ganhar grandes dimensões e quem não tiver conhecimento desse processo pode ficar para trás.
O artista revela que suas obras eram muito escondidas até 2014, quando começou a divulgar. Atualmente, elas estão espalhadas por boa parte do Brasil, graças à internet.
No dia 10 de novembro Picanço, ele vai participar de uma mostra coletiva no Amapá Garden Shopping, onde mais dez artistas também farão parte. Será a “Revoada das Cores”, promovida pela galeria virtual Arteamazon.com.