CÁSSIA LIMA
O paratleta Lucas Thiago dos Santos, de 13 anos, recebeu na manhã desta quarta-feira, 23, da Associação dos Servidores do Ministério Público do Amapá (Assemp) as passagens aéreas para competir no V Open Internacional de Jiu Jitsu, que ocorre em dezembro em Belém, no Pará.
Ele, que é extremamente tímido para dar entrevista, já coleciona 16 medalhas, a maioria de ouro. O garoto fazia campanha nas redes sociais pedindo ajuda para comprar passagens dele e da mãe, Jady Campos, para viajar e competir nos dias 10 e 11 do próximo mês.
Os servidores do MP viram a matéria no portal SELESNAFES.COM e se mobilizaram com uma coleta para ajudar. Compraram as passagens de ida e volta e ainda realizaram uma doação de mais de R$ 2.300 para o paratleta.
“Nós vimos à matéria e sentimos a necessidade de ajudar esse campeão. Os servidores arrecadaram o suficiente para comprar as passagens, além disso, conseguimos mais um valor financeiro pra que eles possam se manter em Belém. Essa ajuda simboliza um olhar com carinho para o semelhante da Assemp”, frisou o presidente da associação, Almir Callins.
O cheque foi entregue por servidores e promotores do MP no prédio do órgão, no Bairro do Araxá. Na oportunidade, a mãe do jovem falou emocionada da luta do Thiago em aceitar a deficiência e lutar jiu-jitsu.
“Ele não aceitava a deficiência e só aceitou pelo esporte, e isso tem mudado a vida dele. Quando soube da doação eu comecei a chorar. Pra mim é uma felicidade tremenda. Estamos há 3 anos lutando por ajuda e conseguimos a doação desses servidores. Eu só tenho a agradecer”, frisou Jady Campos, mãe do paratleta.
Além das duas passagens, logo após a entrega do cheque, a procuradora de justiça Clara Banha doou passagem para Enos Marques, treinador do Thiago há três anos. Ele contou da emoção de participar da vida do adolescente e da evolução dele no esporte.
“Quando ele chegou à academia cansava rápido e ainda não tava com os movimentos em dia. Eu tive muita dificuldade em treiná-lo, já que no Amapá não temos atletas como Thiago. Então o treinamos com pessoas sem deficiência, ele aprimorou a técnica e tem sido campeão”, explicou Enos.
O adolescente nasceu com artrogripose múltipla, uma doença congênita rara que se caracteriza por articulações fracas e fibrose, fazendo com que as pernas sejam curvas. Mas a deficiência nunca o impediu de sonhar.
Mesmo morando numa casa alugada na ponte, no Bairro do Muca, o adolescente conseguiu doações de passagens para competir no mundial de jiu-jitsu em julho, em São Paulo. Lá, ele se consagrou campeão mundial na categoria peso galo e agora vai buscar o ouro com a gratidão das doações.
“Esse é um ato de humanidade e solidariedade. É um exercício do ser humano para o semelhante. Esse ato da associação demonstra que a força da solidariedade tocou nossos corações”, destacou o procurador geral do MP, Roberto Alvares.