ANDRÉ SILVA
Um artista plástico de Belém do Pará, nascido no Jurunas e que vendia roupas e chope para visitar museus mundo afora quando adolescente, virou um dos grandes nomes da arte na Amazônia. Inspirado na escola barroca, ele pinta artes sacras e coleciona relíquias, como peças da civilização Asteca. Com o projeto, “Augusto Leite (Com) vida”, pretende reunir grandes artistas nacionais e internacionais.
José Augusto de Sousa Leite, de 47 anos, vendia chope e as roupas da mãe para ir a museus. O dinheiro servia para ajudar na estadia e na alimentação.
“A primeira vez fui para a França. Minha mãe dizia assim: não encontro roupas para vestir. Minha irmã dizia: mãe, o Augusto está vendendo todas as roupas na rua”.
Ele passou no vestibular aos 15 anos de idade, na Universidade Federal do Pará (UFPA) para o curso de medicina. Quando questionado sobre a origem do talento, ele retruca.
“Eu não consigo precisar isso. Quando eu era bem criança fazia desenho que as pessoas se assustavam, mas lembro quando disse que queria cursar medicina. Na sequência veio a psiquiatria. Acho que primeiro nasceu o artista plástico, e depois o médico”, avalia.
Seu estilo, Augusto Leite diz não reconhecer, mas gosta muito de Caravagio, onde as imagens sacras prevalecem, pinta Jesus do estilizado ao santo.
“O que me emociona é brincar com tinta. Pintar um quadro de Jesus – que eu sei que a maioria das minhas obras são barrocas, são acadêmicas, são sacras – dá uma dor, cansa. Se você perguntar qual meu estilo te respondo que não sei, e nem quero saber, cataloguem vocês. Digam que merda que eu pinto”, ironiza com bom humor.
Além de pintar, ele também gosta de colecionar peças antigas e tem algumas raridades em seu acervo, como um peça asteca, o “El Lloron”, e uma coleção de esculturas de São Francisco. São mais de 50 peças em tamanhos diferentes que mostra com orgulho.
Augusto Leito (Com) Vida
O objetivo do projeto é convidar artistas plásticos, fotógrafos e artistas em geral de toda parte do mundo para expor juntos. Na primeira exposição que aconteceu em Macapá, ele trouxe a artista Naza Macfarren.
“Ela é uma artista famosa no mundo inteiro. Pintou Barack Obama, Fernando Henrique Cardoso, Lady Di e Ayrton Sena. Ela não pegou uma fotografia e fez, não. Foi convidada por essas pessoas. Ela foi a madrinha da minha exposição”, conta.
Com o projeto, ele quer difundir as artes plásticas no estado. Leite já fez diversas exposições e se lembra de poucas, como três coletivas e 10 individuais.
Ele e mais nove artistas estarão expondo juntos suas obras de artes no Amapá Garden Shopping, no dia 10 de novembro, durante a “Revoada das Cores”, exposição que marcará o lançamento da galeria virtual arteamazon.com.