CÁSSIA LIMA
O Núcleo de Defesa e Proteção dos Direitos da Pessoa Idosa da Defensoria Pública do Amapá (Defenap) registrou em um ano e meio de existência mais de 2 mil casos de violação da lei contra os idosos.
Há vários casos de maus tratos e abusos, como idosos passando fome enquanto filhos usam do benefício social por anos.
De acordo com os dados do Núcleo, de janeiro de 2015 até outubro de 2016 foram mais de 2,597 audiências administrativas, orientações jurídicas e retornos. A principal demanda ainda é em torno de abandono de incapaz, maus tratos e violência física.
“Existem muitos casos absurdos. Hoje mesmo recebemos a denúncia de uma idosa de 93 anos que foi abandonada pela família. Ela estava almoçando conserva crua. Na casa não tem chuveiro e ela tomava banho na porta da casa. Uma situação desumana”, explicou a defensora e coordenadora do Núcleo, Lúcia Andrade.
O departamento da Defenap completa dois anos de existência em janeiro de 2017, e possui 4 advogados, 3 estagiários e três defensores, mas a demanda é tão grande que o Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) e a Defenap já estudam a possibilidade de criar uma Vara Especial para o idoso.
“Temos uma demanda de 15 a 30 atendimentos diários das mais diferentes situações. Ontem mesmo eu estava apurando um caso de uma senhora que passa fome há 8 anos enquanto a filha dela usa a pensão e não dá um centavo para ela. É absurdo”, explicou.
Para a defensora Lúcia Andrade, o número é preocupante porque representa um aumento gigantesco na demanda. Além disso, ela alega que os dados não refletem a totalidade das violências praticadas, porque muitos casos não chegam ao conhecimento dos órgãos de proteção e defesa do idoso.
“As pessoas não entendem que o idoso é amparado pelo estatuto e que a partir dos 60 anos ele é quem deve ser tratado pelos filhos. A lei não obriga a nada, só legisla para que tenhamos cuidado com quem nos criou e nos deu amor”, frisou.
As denúncias de violência contra idosos pode ser feita pelo disque 100 e 190 também, além de ser denunciada na Defensoria Pública e Conselho do Idoso.
Foto destaque: Cássia Lima