ANDRÉ SILVA
Segundo o Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis (NHMET) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), nos dois últimos dias já choveu mais de 100% do esperado para todo o mês de dezembro no estado.
Na manhã desta segunda-feira, 19, a Sala de Situação, ligada ao núcleo, emitiu uma nota informando que até aquele momento o volume de chuva registrado era de 81,6 mm.
No meio da tarde, os dados foram atualizados e o volume chegava a 101,4 mm, superando as previsões em 100%. A nota reforçava que esse volume de água não era esperado para um único evento no mês de dezembro.
A Sala de Situação é responsável por enviar dados para a Defesa Civil, que por sua vez avalia a necessidade de emitir alertas de inundações ou não.
“A gente sentiu que as chuvas se anteciparam um pouco. Geralmente, elas começam a cair no período natalino e o que a gente vê é que ela caiu com uma semana de antecedência. Esperamos um inverno longo”, disse Ângelo Oliveira, coordenador da Sala de Situação do NHMET.
Até o momento não houve nenhum registro de enchentes nas regiões do estado, apenas alguns pontos de alagamento dentro da capital.
Moradores das margens de canais esperam transbordamentos
Com a chuva intensa, os problemas históricos de alagamentos começam a aparecer em Macapá. Quem mora às margens de canais da cidade já espera pelo pior.
Exemplo dessa situação está na Rua Maria Laci Ferreira, esquina com Feliciano Coelho, entre o Bairro do Trem e Santa Rita. No lugar, enche todos os anos. Entra inverno e sai inverno, os moradores que já estão ali há mais de 20 anos passam pelo mesmo problema.
Alguns já tiveram que fazer melhorias nas casas, como erguer o piso e construir barreira de contenção para que a água não invada. Eles se queixam do serviço de limpeza do canal executado pela Prefeitura de Macapá que, segundo eles, esse ano limpou apenas a margem do local.
“Olha, todos os anos alaga aqui. Todo ano eles só fazem a capina pelo lado e nunca limpam dentro, por isso todo ano é a mesma coisa. Para evitar que a água entre em casa nós construímos essa mureta aqui em casa, é o que impede que a água entre”, relatou a dona de casa Claudia Vilhena, de 44 anos.
A costureira Doraci Barros da Silva, de 59 anos, que mora há 26 anos no local diz que o canal transborda todos os dias e lembra que já perdeu muitos móveis com isso.
“Quando minha casa era de madeira ia tudo pro fundo. Perdi geladeira, fogão, colchão, guarda-roupa. Tive que mudar todos os meus móveis porque não tinham mais condições de uso. Ano passado eles até deram uma limpeza aí no meio, foi quando deu uma amenizada. Mas esse ano eles não fizeram, então esperamos pelo pior de novo”, contou a costureira.