Deputado é impedido de entrar em prédios da Alap

Determinação do MP tem objetivo de preservar provas
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CÁSSIA LIMA

O núcleo de investigação do Ministério Público que participa da Operação Acrópole, deflagrada nesta terça-feira, 13,  divulgou no fim da manhã uma determinação impedindo o deputado Junior Favacho (PMDB) de ocupar cargos na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), ou mesmo entrar nos setores financeiros do parlamento estadual por 90 dias.

A Acrópole investiga diretamente o deputado, na época presidente da Assembleia. Segundo a investigação, ele teria comandado e autorizado pessoalmente a maior parte dos pagamentos indevidos para realizar acréscimos patrimoniais.

Ministério Público investiga irregularidades na Alap

Ministério Público investiga pagamentos irregulares na Alap. Fotos: Cassia Lima

“Essa determinação e as prisões temporárias que tem o prazo de cinco dias, funcionam para proteger as provas. No momento que fazemos isso, estamos resguardando a prova e evitamos que o investigado procure uma testemunha e mude os fatos”, frisou a procuradora Estela Sá.

Assim como Favacho, o deputado Charles Marques (PSDC) também é investigado na operação. Ele era 1º secretário da Alap e também ordenador de despesas. Marques também teria assinado todos os cheques com pagamentos, mesmo sem a prestação dos serviços.

Procuradora Estela Sá: resguardando provas

Procuradora Estela Sá: resguardando provas

A investigação é decorrente da Operação Eclésia, deflagrada em maio de 2012 pelo Ministério Público.

A assessoria de comunicação do deputado Júnior Favacho divulgou nota informando que ainda hoje ele deverá se posicionar sobre os fatos e investigações da operação.

Lavagem de dinheiro identificada pelo MP

“Nós identificamos lavagem de dinheiro, que houve o pagamento de cheques na boca do caixa e por transferência bancária, mas não houve serviço prestado. Estamos investigando por onde esse dinheiro passou e pra onde foi aplicado”, frisou a procuradora Estela Sá.

Operação Acrópole foi deflagrada na manhã desta terça-feira

Operação Acrópole foi deflagrada na manhã desta terça-feira

Segundo o promotor Afonso Guimarães, que também participa do inquérito na Operação Acrópole, o modus operandi do esquema é o mesmo de outros já denunciados na Assembleia.

“Nós identificamos que é o mesmo esquema, mas mudaram algumas pessoas. Já sabemos da lavagem de dinheiro, agora estamos investigando quem se beneficiou com os valores e onde eles foram aplicados. É possível a participação de mais servidores e deputados”, destacou o promotor.

Operação

Pelo menos 12 promotores e três procuradores do Ministério Público do Amapá (MP-AP) estão atuando na operação que prendeu 7 servidores da Assembleia Legislativa (Alap) e cumpriu 3 mandados de condução coercitiva e mais 9 de busca e apreensão nos estados do Amapá e Pará.

Legislativo estadual tem sido nos últimos anos local de vários escândalos

Legislativo estadual tem sido nos últimos anos local de vários escândalos

A Operação do MP em conjunto com as polícias Federal e Civil investiga crimes de lavagem de dinheiro da Assembleia com uma construtora entre os anos de 2012 e 2014. De acordo com as informações previas do MP, a empresa recebeu mais de 104 cheques no valor total de R$7 milhões, mas não houve a contraprestação dos serviços.

Ao todo, foram cumpridos 19 mandados: 7 prisões, 3 de condução coercitiva e 9 de busca e apreensão. Os procuradores do MP, devido ao fato da operação ainda estar na fase de investigação, não informaram em detalhes como ocorria o esquema que é suspeito de lavar dinheiro da Alap, assim como, peculato, formação de quadrilha (atualmente associação criminosa) e fraude à licitação.

Pelos menos 13 casas foram alvos de busca e apreensão da operação nesta manhã, três delas são do deputado Júnior Favacho, inclusive uma localizada no município de Ananindeua, no estado do Pará.

Presos

Nesta manhã foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de João Paulo Monteiro, Franck Roberto Góes da Silva, Rogério Santos Marques, Marcelo da Silva Seabra, Arlindo Silva de Oliveira Neto, Dênis de Almeida Azevedo e Daniel dos Santos Dias.

Foram conduzidos coercitivamente para o MP do Araxá os ex-diretores da Alap: Jeremias Moraes de Oliveira, Orlando dos Santos Pinheiro e Raimundo Wilson Borges da Silva.

Dos 7 mandados de prisão, o MP repassou informações sobre o papel de quatro dos acusados no suposto esquema na Alap. Veja abaixo:

Franck Roberto Góes da Silva. Empresário investigado como agiota que usava laranjas para sacar e movimentar o dinheiro.

Rogério Santos Marques. Procurador da empresa L.C.F. Favacho, teria utilizado a própria conta bancária para dar aparente legalidade aos depósitos.

Dênis de Almeida Azevedo. Suposto laranja que teria sacado pelo menos R$ 300 mil.

Daniel dos Santos Dias. Teve R$ 119 mil depositados em sua conta e depois transferidos para outra empresa que pertence ao deputado Júnior Favacho, na época presidente da Assembleia.

Seles Nafes
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