OLHO DE BOTO
A Polícia Civil de Macapá prendeu nesta quarta-feira, 28, um dos acusados de matar o microempresário Raimundo Nonato dos Santos de Feitas, de 50 anos, crime ocorrido na madrugada do último dia 20, no Bairro Cidade Nova, Zona Leste de Macapá. A polícia identificou outras três pessoas, entre elas um menor.
Durante as investigações, a Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP) descobriu que um dos criminosos entrou na residência pelo telhado e abriu a porta para os comparsas.
Eles renderam a vítima assim que ela chegou. O microempresário, que era dono de uma oficina mecânica, foi espancado, amarrado e assassinado. O corpo foi descoberto no dia seguinte por um parente.
De acordo com a polícia, o homem que abriu a residência é Oberdan Luis Vieira. Ele foi preso, no dia seguinte, por estar ao lado de um traficante e possuir um mandado de prisão por outro crime.
Os comparsas foram identificados como Alexandro Amaral Pantoja, que está foragido, e um menor de idade. Alexandro Amaral já tinha sido preso por um latrocínio no Dia dos Pais deste ano, também no Cidade Nova. Ele assaltou pai e filho, e o pai acabou sendo morto com dois tiros ao reagir ao roubo.
“Instantes antes (da morte do microempresário), esses 3 indivíduos estavam ingerindo bebida alcoólica, fumando maconha e cheirando cocaína em companhia de Claudione da Cruz Souza”, explicou o delegado Glemerson Arandes, que conduz as investigações.
Foi na casa Claudione Souza, preso nesta quarta-feira, que a polícia encontrou a TV da vítima. O acusado disse que “apenas” comprou o televisor.
“Ele nem soube explicar de onde arrumou o dinheiro para comprar, já que vive de bico e a mãe é diarista”, observou Arandes, que não acredita na história da compra da TV. Para a polícia, Claudione Costa participou diretamente do roubo e da morte da vítima.
O delegado foi até o Iapen pela manhã para comunicar que Obedan Vieira (que entrou pelo telhado e já estava preso) está sendo indiciado pelo crime. Ele tem passagens pela polícia desde os 14 anos.
Alexandro Amaral e o menor continuam sendo procurados. A mãe do menor foi intimada a apresentar o filho na DECCP.
Mito
O delegado Glemerson Arandes aproveitou a presença da imprensa para combater um mito e fazer um desabafo. O conceito que a sociedade tem de que a polícia prende e o judiciário solta, é, na maioria das vezes, equivocado.
Para o delegado, a negligência de vítimas e testemunhas durante o trâmite de inquéritos e processos é o fator que mais colabora para a liberdade de criminosos.
“As pessoas (vítimas e testemunhas) mudam de endereço e não informam o judiciário. As pessoas não comparecem. Eu faço um apelo: se você não quer que os bandidos continuem saindo, procure a delegacia para saber como está o processo e informe que você vai se mudar. A responsabilidade das pessoas não acaba quando o criminoso vai pro Iapen”, comentou.
Segundo o delegado, a polícia tem dificuldades para conseguir imagens de câmeras de residências. O morador assina a notificação para fornecer as imagens, mas muitos depois ignoram.
“Quando o roubo é na casa delas, aí elas querem que a polícia resolva. Mas quando é na casa do vizinho, não estão nem aí. A polícia não tem bola de cristal”, concluiu.