CÁSSIA LIMA
Mesmo sendo uma das regiões menos desenvolvidas do país, a Região Norte tem salários públicos superiores a remunerações de regiões mais ricas, como Sul e Sudeste. É o que mostra um ranking divulgado nesta quinta-feira, 29, pelo jornal O Estado de São Paulo.
Em estados como Amazonas, Pará e Amapá, um funcionário público com ensino médio ganha 108% mais do que o mesmo trabalhador da iniciativa privada. Entre aqueles que têm ensino superior, a diferença cai para 76,3%.
As informações fazem parte de um levantamento do economista Nelson Marconi, coordenador do Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que fez um raio X dos salários no Brasil por região, escolaridade e tipo de trabalho, com ou sem carteira assinada dos setores público e privado. O estudo mostrou que a Região Norte possui o maior salário público do país.
No caso da Região Norte, do Estado do Amapá, um dos motivos para a diferença salarial é o fato dos Estados serem novos.
“No Amapá, os concursos que foram feitos já dentro da realidade do plano real e numa época que os salários estavam ascendentes no país. Então os poderes começaram com salários altos. Isso levou com que ocorresse essa elevação salarial, onde o serviço público que antes não existia, começasse a ser valorizado. Tanto é até hoje a população daqui busca estabilidade financeira na vida pública”, explicou o economista Jurandil Juarez.
O economista descreve que enquanto no Amapá, na década de 1990, o funcionalismo estava em ascensão, em regiões como o Sul e Sudeste ele estava em crise devido a alta da inflação. Essa diferença só foi aumentando com a agregação dos direitos trabalhistas.
“Essa valorização salarial só ocorre no poder executivo, judiciário e de forma mais tardia no legislativo. Uma coisa interessante é que o serviço privado paga muito bem no Amapá porque acaba competindo com o Estado pela pouca mão de obra especializada”, frisou o economista.
A diferença que o economista fala é revelada na pesquisa que mostra que a média dos salários públicos e privados na Região Norte subiu de 61,7%, em 2012, para 88,8% neste ano, entre os trabalhadores do ensino médio.
Já no nível superior, o aumento foi um pouco menor: saiu de 45,1% para 56,7%. Para o economista, os salários do setor privado também refletem as condições econômicas do País e as características de cada região.
Todos os números foram baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), as regiões Norte e Nordeste são as que têm as maiores diferenças salariais entre os funcionários públicos e privados.