SELES NAFES
A Polícia Civil de Macapá prendeu na tarde desta quinta-feira, 26, uma comerciante acusada de revender material de construção roubado da obra do prédio do Tribunal de Contas do Estado (TCE). De acordo com investigadores da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP), a acusada estava revendendo o produto em sua loja.
Ao todo, segundo a polícia, foram desviados do canteiro da construtora S. Montoril, Projetos e Construções, no Bairro Jardim Marco Zero, na zona sul de Macapá, 450 sacos de cimento, avaliados em mais de R$ 11 mil pelo preço de mercado.
O roubo ocorreu na madrugada do último dia 16, uma segunda-feira, e foi comunicado pela empresa à polícia nas primeiras horas da manhã. O vigia da empresa também foi à delegacia prestar queixa.
“Nesse dia que aconteceu o roubo, o vigia disse que foi rendido por três homens encapuzados e no escuro. Eles entraram com o caminhão e levaram o cimento e outros objetos de valor do canteiro, que a empresa calculou estarem avaliados em até R$ 50 mil”, relatou o delegado Wellington Ferraz, da DECCP, que investiga o caso.
O vigia informou que os bandidos chegaram a fazer duas viagens com o caminhão para dar conta de todo o material.
Imaginando o percurso que o veículo teria feito, os investigadores da DECCP conseguiram imagens do circuito de segurança de um prédio que mostrava o caminhão dos bandidos passando por uma rua do Bairro dos Congós a 1h53min da madrugada do dia 16, exatamente o mesmo horário do roubo.
Depois que alguns dias, a equipe da DECCP conseguiu localizar o mesmo caminhão ao lado de uma loja de materiais de construção na Rua Padre Ângelo Biragui, nos Congós.
Os policiais entraram na loja se passando por clientes e viram que o cimento que estava sendo vendido, da mesma marca do que foi roubado, estava exposto de forma desorganizada na loja, alguns até com os sacos rasgados. Veja o VÍDEO
Convencidos de que se tratava do material roubado, a DECCP solicitou um mandado de busca e apreensão que foi expedido e cumprido nesta quinta-feira.
“Parte do cimento já foi vendido, mas ainda encontramos 221 sacos”, relatou o delegado. “Cimento é fácil de vender porque ninguém exige a nota fiscal da mercadoria”, acrescentou.
A proprietária da loja LV Material de Construção, Antônia de Paula Santos, de 31 anos, foi presa em flagrante e levada para o Ciosp do Pacoval onde foi indiciada por receptação qualificada. Ela responsabilizou o marido pela procedência da mercadoria.
“Ela disse em depoimento que o companheiro dela saiu na mesma noite dizendo que ele tinha um frete para fazer. No dia seguinte estava lá o cimento, mas ela sabia que não tinha nota fiscal. Não é uma receptação simples, é uma receptação visando lucro”, definiu Ferraz.
O caminhão usado no roubo é do sogro de Antônia de Paula Santos. O marido da comerciante, Elson Trindade Guedes, teria sido o motorista e mentor do roubo. Ele está preso no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) desde o dia 17, depois de ser flagrado pela Polícia Militar com munição ilegal.
“O irmão da comerciante, que teria participado também, cumpre pena em regime semiaberto… e a gente ainda não descarta a possibilidade de o vigia ter envolvimento, mas isso ainda está sendo analisado”, revelou o delegado.
O cimento ainda precisará ser periciado, e Elson Trindade prestará depoimento no Iapen. Contudo, a polícia considera o caso praticamente encerrado. Antônia Souza não tem antecedentes criminais, e será conduzida à audiência de custódia nesta sexta-feira, 27.