DA REDAÇÃO
Depois da assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre a Fundação Palmares e a Funasa Nacional, realizado pela manhã, comunidades tradicionais passaram a tarde desta quarta-feira, 25, discutindo o isolamento econômico e preconceito religioso num seminário organizado pelo deputado federal Marcos Reátegui (PSD-AP).
Lideranças fizeram relatos das condições sociais, culturais e econômicas em que vivem, e a busca por alternativas para a preservação das tradições e desenvolvimento.
“Precisamos nos afirmar, e para isso temos que nos reconhecer enquanto povos tradicionais e nos valorizar. Ainda não conseguimos nos manter com o que temos de mais importante, que é a nossa cultura, história e o que produzimos”, disse Raimunda Ramos.
Representantes de comunidades de religiões tradicionais de raízes africanas também participaram, e demonstraram inconformismo.
“Existimos enquanto comunidades tradicionais, mas queremos respeito, que o preconceito religioso seja combatido, e sejamos reconhecidos como sacerdotes, assim como os terreiros, pois ainda são alvo da falta de conhecimento”, disse Pai Marcos, sacerdote do candomblé e representante da Liga das Entidades Ameríndias da Amazônia.
Para o deputado Marcos Reátegui, as comunidades de descendência africana e quilombolas, assim como os demais povos reconhecidos como tradicionais do Amapá, devem assumir sua identidade e buscar meios de sobrevivência com valorização de suas culturas.
“As terras ocupadas por estas comunidades são ricas em alimentos, mas o pouco que produzem não é suficiente para abastecer o estado. Temos que buscar soluções e parcerias, como o Termo que foi assinado hoje, com direitos e obrigações; o cruzamento de informações entre os entes; investimento, como os que fiz através de emendas; e diálogo, como o que estamos fazendo agora”.
O presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira, também participou do seminário.
“Hoje a Palmares tem esta responsabilidade, de sair de Brasília e conhecer de perto a realidade, um trabalho itinerante, e por isso estou aqui. A Palmares não é somente para preservar a cultura, mas também para promover a economia, e se a cultura morrer, não teremos o que preservar. Um exemplo são os terreiros, que estamos transformando pontos de cultura para que capacitem a comunidade, só assim os negros estarão empoderados”.
Além do deputado Marcos Reátegui e do presidente da Fundação Palmares, participaram do seminário a secretária de Políticas para Afrodescendentes, Núbia Souza, superintendente da Funasa/AP, Alderico Pinheiro, e lideranças e membros de comunidades ancestrais. O evento foi realizado no auditório do Sebrae.