SELES NAFES
A secretária de Educação do Amapá, Goreth Souza, definiu nesta quarta-feira, 11, como inversão de valores os constantes protestos na Escola Tiradentes, onde alunos são contrários à implantação do ensino integral antes de uma reforma completa no colégio. Ela reconheceu a deficiência de estrutura de algumas escolas, mas dividiu a culpa com o vandalismo, além de deixar claro que acredita em interesses particulares por trás das manifestações.
“Eu visitei essas escolas no fim do ano, e não havia protestos e nem fotos desses ambientes, não me mostraram nada quebrado”, ironizou.
Goreth Souza admitiu que as escolas precisam realmente de manutenção por se tratarem de escolas antigas e com poucos recursos. No ano passado, foram investidos R$ 600 mil em manutenção predial, mas ela anunciou que em 2017 o investimento será da ordem de R$ 9 milhões.
“Eu tenho falado pra minha equipe que R$ 9 milhões pode até ser pouco perto da cultura de quebrar, sujar e arrebentar. Essas escolas do jeito que estão hoje dizem mais a respeito quem está lá do que de mim. Estamos discutindo um mecanismo de controle para preservar as escolas, mas também trabalhando contra a cultura de sujar e quebrar”, comentou.
O ensino de tempo integral é uma determinação do Ministério da Educação e previsto na Lei de Diretrizes de Educação Básica (LDB) e Plano Nacional de Educação. O governo federal vai aumentar de R$ 2 mil para R$ 4 mil (por aluno) a verba de fomento para as escolas que tiverem a nova modalidade de ensino implantada.
Outro fator que merece ser analisado, segundo a secretária de Educação, é a suposta resistência de professores que não querem trabalhar no ensino integral, apesar de mais de 1 mil profissionais terem feito inscrição no processo seletivo interno para lecionar nesses colégios.
“Eu sei dialogar e enfrentar oposição, mas o que estão fazendo é um desserviço para a sociedade, uma inversão de valores. Nenhum professor ou aluno é obrigado a permanecer nesta escola, mas estão usando os alunos”, acusou.
“Eu reconheço os problemas, mas não podemos em detrimento de interesses pessoais prejudicar os interesses da comunidade. A escola do jeito que está não traz conhecimento, uma prova é o IDBE que foi devastador. O aluno está pior em matemática e língua portuguesa. Estados que já implantaram o ensino integral deram um salto de qualidade”, observou a secretária.
Goreth Souza comemorou a regularização financeira das escolas que resultou em quase 90% dos colégios saindo da situação de inadimplência, e possibilitando o recebimento de recursos de manutenção predial e merenda escolar, além do início do implantação da vigilância eletrônica nas escolas.
Outro diferencial da escola integral, de acordo com a Seed, será a fiscalização da qualidade de conteúdo aplicado em sala de aula.
Goreth Souza pediu que professores e alunos que não querem o ensino integral optem por outras escolas, e disse que aposta numa valorização das primeiras escolas a receber o ensino integral como referências de qualidade de ensino.
“Em pouco tempo as pessoas estarão brigando para matricular os filhos nessas escolas”, finalizou.