ANDRÉ SILVA
Duas escolas e uma unidade de saúde do Arquipélago do Bailique, distante 200 quilômetros de Macapá, ameaçam cair. A informação está em um relatório divulgado nesta terça-feira, 24, pelo Instituo de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa). O relatório aponta que algumas comunidades podem perder até 3 metros de terra por ano.
O fenômeno conhecido como ‘terras caídas’ vem sendo estudado desde o ano passado. O arquipélago, distrito de Macapá com 52 comunidades e cerca de 10 mil habitantes, vem sofrendo com a erosão provocada pelo avanço do rio que a cada ano se mostra mais forte.
As comunidades que correm mais risco são a de Itamatatuba, onde ficam uma escola e um posto de saúde, e a outra é em Boa Esperança, onde fica a outra unidade de ensino. A estimativa de progresso da erosão em Itamatatuba é de 2,74 metros por ano. Já em Boa Esperança, é de 2,18 metros por ano.
“Nestas duas regiões o processo de erosão está muito acelerado e dentro de dois meses há a possibilidade de afetar a escolas e o posto de saúde. Na próxima maré grande a escola pode ser afetada e até mesmo desabar”, alertou o geólogo e pesquisador Wagner Costa.
Além dessas, mais seis comunidades apresentaram processo de erosão acelerado. São elas: São Pedro, Salmo 121, Macedônia, Foz do Gurijuba, Limão do Curuá e a que mais preocupa os pesquisadores, Vila Progresso, que apontou uma estimativa de erosão de 3,5 metros por ano. O pesquisador avalia que em um ano a erosão possa chegar bem perto da passarela que dá acesso à Escola Bosque que fica na vila.
Para se ter uma ideia, no dia 12 de abril de 2016, os pesquisadores instalaram um marco a nove metros da margem da Comunidade de São Pedro e, após cinco dias, os nove metros já haviam sido derrubados com a força da água. Um poste que estava nesta margem também caiu e deixou a comunidade sem energia por dias.
Wagner Costa aponta que uma das alternativas seria o reflorestamento das matas ciliares, o que poderia interromper o processo de erosão, além disso, a construção de um muro de arrimo.
“As pessoas desmatam a mata auxiliar e colocam grama achando que fica bonito, mas a grama não segura a terra. Além do desmatamento, as pessoas constroem trapiche, porto e o local não aguenta”, apontou Costa.
O relatório orienta que os órgãos competentes da União, Estado, Município e a Marinha, se reúnam e estabeleçam um plano de ocupação dessas orlas. Uma cópia foi enviada para a Defesa Civil de Macapá que terá a responsabilidade de reunir esses órgãos para que as providências sejam tomadas.