A cultura com a “casa arrumada”

Em 10 meses, um auditor de 64 anos organizou a quase falida Secretaria de Cultura do Estado provando que é possível fazer gestão pública com eficiência
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SELES NAFES

Quando foi chamado pelo governador Waldez Góes (PDT) para assumir a Secretaria de Cultura do Amapá (Secult), o auditor de carreira Carlos Mathias, de 64 anos,  aceitou uma missão espinhosa: era preciso “organizar o caos”, e deixar a Secult preparada para uma possível fusão com a Secretaria de Educação. 

Com o apoio de uma equipe de auditores e técnicos da Controladoria Geral do Estado, Mathias conseguiu o que muitos não acreditavam que seria possível no meio da crise financeira: atualizou a maioria dos pagamentos de artistas e fornecedores, retomou a cobrança da prestação de contas de convênios com entidades, aprovou a lei que criou o Sistema de Cultura e está em vias de deixar a casa arrumada diante do Ministério da Cultura.

Além disso, iniciou o processo de revitalização do Parque do Forte, o mais movimentado ponto de visitação de Macapá. 

Com apoio de uma equipe de técnicos, Carlos Mathias conseguiu atualizar processos . Fotos: Seles Nafes

Com apoio de uma equipe de técnicos, Carlos Mathias conseguiu atualizar processos . Fotos: Seles Nafes

Dez meses depois, Carlos Mathias, que também é ligado ao carnaval (já foi presidente da Império do Povo), agora trabalha na informatização da Secult e na criação de uma lei de uso para a Fortaleza de São José e para outros locais, como o Sambódromo e o Teatro das Bacabeiras.

Ele conversou com o portal SELESNAFES.COM.

Qual foi sua prioridade quando assumiu a Secult? 

Primeiro a regularização documental dos processos de pagamentos. Não estavam prontos, só havia ordens. O trabalho foi grande para nos organizar e assim poder pagar os artistas e outros profissionais que estamos devendo.

Tem processo há quanto tempo esperando pagamento?

Tem processo com dois anos e até com mais. Tem processo da época do governo passado. Tem coisas muito antigas. A parte de convênio também estava atrasada, especialmente de prestação de contas. Estamos chamando todas as entidades. Muitas já compareceram e trouxeram a documentação para regularizar suas situações. Estamos com uma equipe da Controladoria auxiliando e orientando sobre como se deve fazer. A parte de convênios federais também estava numa situação complicada. Mas estamos fechando os últimos relatórios para levar em Brasília e deixar a Secult totalmente quitada com o Ministério da Cultura. Vamos deixar a secretaria totalmente arrumada. Foi pra isso que viemos pra cá.

Qual será a finalidade da lei da Fortaleza de São José?

É a lei de uso do monumento. Ela diz como vai funcionar o monumento e como vai se sustentar. Qualquer monumento no mundo cobra taxa de visitantes para sua manutenção. Com a lei poderemos licitar até um restaurante e outras atrações para o lugar.

Teatro precisa de uma lei de uso específica

Teatro precisa de uma lei de uso específica

Mesmo interinamente, o senhor conduziu a criação da lei que criou o Sistema de Cultura do Amapá. Como ele funciona?

A lei criou o fundo de cultura, que recebe 40% do orçamento da  Secretaria de Cultura, para beneficiar todos os segmentos. A lei garante que os repasses sejam iguais para todos os segmentos. Falta apenas o governador Waldez Góes sancionar a lei para ela entrar em vigor e isso já vai ocorrer. Faremos leis de uso específicas para o Teatro das Bacabeiras, Sambódromo e outros espaços.

Mas o teatro já não tem um regimento interno?

Tem, mas não diz sobre como o Bacabeiras pode ser usado. Estamos discutindo com a sociedade, através do Conselho de Cultura, as leis de uso para cada local. Também estamos planejando a realização de audiências públicas nos municípios para ouvir as demandas culturais dos municípios.

O Parque do Forte, que é responsabilidade da Secretaria de Cultura do Amapá, finalmente começou a receber cuidados. Porque demorou?

Porque era preciso fazer uma licitação para definir a empresa que faria a manutenção e revitalização do lugar. E esse trabalho já começou com a recuperação e aprimoramento da iluminação do entorno com LED. Já melhorou muito, mas a comunidade e os visitantes esperam mais, especialmente com segurança. Por isso estamos estudando o monitoramento eletrônico e pedimos à empresa Fort Select (vencedora da licitação) para que faça a iluminação interna da Fortaleza.

Equipes de empresa revitalizam a iluminação do Parque do Forte

Equipes de empresa revitalizam a iluminação do Parque do Forte com LED. Foto: Arquivo/SELESNAFES.COM

Qual seria o objetivo da lei de uso do Sambódromo? O que vai definir? 

Com a lei será possível finalmente transformar o local numa escola de artes populares, com cursos voltados para os jovens. Teremos aulas de música, corte e costura, e outros conhecimentos profissionalizantes. O deputado federal Cabuçu (Borges) já nos pediu o projeto para que ele possa garantir emendas. 

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