ANDRÉ SILVA
O ex-deputado federal e ex-secretário de Planejamento do Amapá, o economista Jurandil Juarez criticou a forma como as empresas de ônibus costumam negociar o reajuste da tarifa de ônibus em Macapá. Para ele, os verdadeiros custos das empresas ainda não são bem claros. Para ele, os reajustes nas tarifas de energia e de transportes deve empurrar a inflação para cima em 2017.
As empresas de transportes públicos de Macapá protocolaram há uma semana o pedido de aumento da tarifa de ônibus na capital: 23,6% em relação ao preço atual, de R$ 2,75%.
O primeiro anúncio do Sindicato das Empresas de Transportes (Setap) foi R$ 3,10, e dias depois passou para R$ 3,40.
Para o macapaense, o aumento vai doer bastante no bolso, e o economista faz as contas levando em consideração a tarifa atual de R$ 2,75, correspondente a 0,30% do salário mínimo que é de R$ 937.
Supondo que cada trabalhador use dois ônibus por dia durante 24 dias, ele utilizará 48 passagens ao custo de R$ 136. Ou seja, 14,51% do salário mínimo. Se a proposta do Setap for aprovada, o gasto saltará para R$ 163,20, o equivalente a 17,41% do salário mínimo.
“É um numero desproporcional se você for comparar a inflação alta de 2015 que foi mais de 10%. Mas a inflação do ano passado foi de 6,29%. Neste ano, ela apresenta um comportamento mais razoável podendo ficar na faixa de 5%. Então, quando se coloca um reajuste a cima do razoável em um bem que tem um peso muito grande na inflação, você contribui para aumentar e não para controlar a inflação”, explicou o economista.
Segundo ele, o reajuste da tarifa de ônibus foi um dos itens que mais contribuiu para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016, e o que segurou foi falta do reajuste da energia elétrica, que esse ano já foi atualizada em 46%.
“Somados o reajuste sugerido da tarifa de 23% com os 46% da energia elétrica mais os reajustes de salário, a inflação no estado vai ficar muito alta”, considerou.
Custos
Outro ponto colocado pelo economista seria a ausência das planilhas para justificar o aumento. Para ele, o processo precisa ser transparente, tanto pela instituição que quer o aumento, quanto para os órgãos que concedem.
“Que o diesel aumentou não tem como negar, porque aumentou mesmo. Agora o que precisamos saber é qual a participação do combustível no conjunto dos itens que compõem essa tarifa”, disse Jurandil Juarez. Para ele, enquanto a “caixa-preta” não for aberta, não se pode falar em aumento.
A prefeitura ainda não decidiu sobre a tarifa, mas será necessária a palavra final da Câmara de Vereadores.