SELES NAFES
Um grupo de delegados da Polícia Civil do Amapá pediu à Justiça Militar, no fim da manhã desta terça-feira, 7, a prisão preventiva dos policiais militares acusados de torturar presos dentro do Ciosp do Pacoval. Eles também teriam se evadido do prédio com a ajuda do oficial superior.
O pedido de prisão foi protocolado na Vara Militar depois que o juiz de custódia informou que não caberia a ele julgar. O pedido foi distribuído para o juiz Décio Rufino. A solicitação foi assinada por 8 delegados que foram ao Fórum de Macapá acompanhados de 20 colegas que se juntaram ao grupo em solidariedade.
A confusão ocorreu por volta das 5h, quando o delegado Luis Carlos Gomes Júnior teria percebido que um sargento e dois soldados haviam jogado spray de pimenta dentro da cela onde estavam criminosos que haviam acabado de ser apresentados por roubo. O cheiro forte da arma não letal teria se espalhado pelo térreo do prédio do Ciosp.
Os delegados dizem que depois da voz de prisão teria ocorrido uma verdadeira “operação” para retirar à força os policiais militares já detidos. Essa intervenção, segundo os delegados, teve a participação de várias viaturas e de pelo menos um oficial da PM.
O pedido de prisão é para os três policiais e o oficial que teria comandado o “resgate” dos PMs de dentro do Ciosp.
A Associação de Delegados da Polícia Civil do Amapá (Adepol) acompanhou a movimentação no fórum.
“Fomos para tomar conhecimento de todos os fatos e acompanhamos a audiência com o juiz. O delegado Luis Carlos é um delegado pacífico e extremamente preparado, inclusive autor de livros”, descreve o presidente da Adepol, Claudionor Soares.
Segundo ele, por muito pouco não ocorreu um confronto entre os agentes e os policiais militares. Os delegados ficaram de marcar uma entrevista coletiva para falar do caso.
O comandante da PM, coronel Rodolfo Pereira, já havia dito que é preciso ter prudência antes do julgamento dos fatos. Ele admitiu que houve “divergência” entre o delegado e a guarnição, mas disse que o spray de pimenta é necessário porque mesmo subjugados, os presos ainda podem ser violentos. Ele negou que os policiais tenham se evadido do prédio, e que teriam apenas voltado ao policiamento após o fechamento da ocorrência.