OLHO DE BOTO
A Polícia Civil do Amapá desarticulou um esquema, envolvendo 25 pessoas, que furtava cargas de uma transportadora no aeroporto de Macapá. De acordo com as investigações, concluídas na quinta-feira, 02, aparelhos celulares eram os principais objetos subtraídos em grande escala.
Há indícios de que os aparelhos eram furtados por funcionários de duas companhias aéreas que trabalhavam em funções como carregadores e motoristas. As empresas que deveriam receber as cargas relataram prejuízos de até R$ 40 mil por encomenda.
Os celulares eram vendidos em redes sociais como Facebook e Whatsapp e tinham grupos de receptadores que revendiam os aparelhos.
O esquema
De acordo com o delegado Glemerson Arandes, foram mais de 20 ocorrências policiais por esse tipo de furto nos últimos 3 anos.
“A partir dos três últimos boletins de ocorrências, lavrados em junho do ano passado, começamos a identificar as pessoas que compravam os celulares. Todas essas pessoas levavam a um mesmo vendedor, Michel Ruan da Silva Braga”, explicou o delegado.
O suspeito foi localizado e realizada uma primeira busca em sua residência, mas nada foi encontrado. A polícia desconfia que ele foi informado.
“O Michel nos ofereceu na época um número de telefone de uma pessoa que ele tratava na agenda telefônica dele como ‘Vendedor Top’ e nos disse que o indivíduo que vendia para eles os aparelhos comparecia no local com um veículo Palio”, disse o delegado Glemerson Arandes.
Em seguida, a polícia descobriu que o misterioso vendedor se tratava de um funcionário da empresa Azul, Rômulo Queiroz. Ele estaria atuando junto com funcionários de outra empresa, a Gol Log, comandando o desvio da carga do aeroporto. O grupo se aproveitaria da fragilidade do sistema de monitoramento, pois o descarregamento não era filmado.
“Aqui fora, onde eram carregadas as mercadorias, você não tem monitoramento por câmera, nem vigilância, e quando você tinha monitoramento por câmera, bastava o camarada desligar a chave geral e apagava a câmera e furtava o que ele queria”, comentou Glemerson Arandes.
Um nobreack só foi instalado no terminal da Gol após um mês de investigação da Polícia Civil. Após a instalação do aparelho, um funcionário foi pego realizando o furto.
“Ele foi lá desligou a chave geral e achou que a câmera estava desligada. ele acabou confessando o furto e disse que todos eram cooptados lá e corrompidos pelo Rômulo Queiroz”, relatou o delegado.
A Polícia Civil solicitou então das empresas informações sobre os funcionários e encontrou resistência e morosidade por alguns chefes em fornecer dados e informações corretas.
Um dos investigados, Wali Olivinton, negou participação no crime. Mas, de acordo com a polícia, o suspeito levava um nível de vida incompatível com um salário de R$ 1,4 mil.
Wali Olivinton e Rômulo Queiroz foram identificados pelo receptador pego pela polícia como sendo a dupla que fazia a entrega dos celulares roubados num carro Palio de cor prata.
Receptadores
O delegado Glemerson Arandes informou também que 19 cidadãos de classe média e classe média alta compravam os produtos com frequência a um preço muito abaixo do valor do mercado. Todos foram indiciados por receptação.
Dez carros no nome do pai de Rômulo
Foi descoberto também nas investigações que o pai de Rômulo Queiroz possui registrado em seu nome dez veículos. Chamado pela polícia para explicar a procedência dos automóveis, ele disse que não sabia sequer que o veículo estava em nome dele.
“Nós encaminharemos uma cópia de todo esse procedimento para a Defaz para que lá seja apurado o crime de lavagem de capitais”, disse o delegado.
O delegado concluiu dizendo ainda que há indícios suficientes de que eles foram os responsáveis pelos prejuízos causados e que responderão pelos crimes de furto qualificado, receptação qualificada e associação criminosa.