ANDRÉ SILVA
Aproximadamente mil obras do artista plástico Carlos Prado sumiram da Fortaleza de São José de Macapá. Prado, de 69 anos, morreu no último dia 15 de março por complicações renais. Agora, amigos e familiares estão em busca de um lugar seguro para abrigar os 880 quadros que sobraram e serão doados.
O artista iria fazer uma exposição na Fortaleza no fim de 2015, mas, segundo a família, acabou não acontecendo. Foram quase 2 mil obras pintadas em um período de pouco mais de 30 dias. Com esse número, ele queria que fosse a maior exposição de quadros pintados por um único artista em todo mundo em pouco tempo.
Segundo a família e amigos, Prado é reconhecido pelo Guines Book (Livro dos Recordes) como o artista que pintou mil quadros em 30 dias. A exposição aconteceu no Nordeste, mas a família não soube precisar onde e nem a data.
Todas as telas usadas na exposição que acabou não acontecendo na Fortaleza de São José foram pintadas ali no local e guardadas no paiol.
Segundo o amigo, Wellington Silva, membro da Academia Amapaense Maçônica de Letras, a própria Fortaleza não sabe onde foram parar os quadros e os que ainda estão no local, não estão protegidos e sofrem com a ação do tempo e dos cupins.
“Nós conferimos 880 peças e vamos removê-las o mais rápido possível porque além do cupim, tem a umidade. As outras mil simplesmente desapareceram”, relatou o amigo, Wellington Costa.
Ele disse que as 880 telas serão distribuídas para repartições públicas, veículos de comunicação, universidades, faculdades, escolas públicas e as lojas maçônicas.
A filha, Sara Prado, disse que o pai sempre foi muito presente, e que a principal lembrança que vai guardar dele é a bondade e desprendimento de valores que ele tinha.
“Ele era uma pessoas desprendida de bens materiais e é isso que vai ficar”, lembrou a filha.
Carlos Prado, artista plástico de profissão, tinha 21 filhos. A pedido dele, a família cremou o corpo e pretende jogar suas cinzas no Rio Amazonas, em frente a cidade de Macapá.
Fortaleza
A direção da Fortaleza de São José informou que as telas não estavam sob seus cuidados e que o próprio artista havia delegado responsabilidade a uma pessoa que a instituição não soube informar o nome.
Disse também que apenas cedeu o espaço do paiol para o armazenamento das obras e quando isso aconteceu algumas já haviam desaparecido.
“Como ele não deixou as obras sobre nossa tutela nós não sabemos quantas haviam lá e nem quantas de fato desapareceram. Se estivesse sobre nossa responsabilidade teríamos feito a conferência, catalogado e passado para a família ”, alegou o analista administrativo da direção da Fortaleza, Jubi Souza.