ANDRÉ SILVA
Não é de hoje que se ouve falar que os clubes e atletas amapaenses quase não têm apoio financeiro do poder público para participar das competições nacionais e internacionais. O tênis de mesa não foge à regra.
Há seis anos, a Associação de Cantumoris de Tênis de Mesa (ACTM) vem revelando atletas de ponta que já representaram o Amapá e o Brasil. Se houvesse apoio oficial, os resultados seriam ainda melhores.
Apesar das dificuldades, o espaço de treinamento do ACTM é referência na Região Norte do país. O presidente e fundador da associação, Abílio Dias, esportistas há 41 anos, lembra que quando começou a jogar tudo era muito primitivo, e os equipamentos não podiam ser comprados no Estado.
“Eu vim de uma época que era uma folha de compensado de baixo de um poste, e rede era uma perna-manca. As bolinhas eram Samurai (marca da bola nos anos 80). Quando não tinha, a gente pegava do desodorante rolon. Quando queríamos um material de ponta tínhamos que aproveitar alguém que ia para Manaus, encomendávamos e ele trazia para nós”, lembrou Dias.
Hoje, a associação tem 103 atletas matriculados, mas apenas 60% desses conseguem pagar mensalidades. Os outros 40% são custeados pela associação.
“Aqui tenho atletas filhos de pessoas com alto poder aquisitivo, mas tenho aqueles que não têm condições, aí a gente não cobra”, acrescentou.
Entre os atletas de ponta formados pela ACTM, estão Katisa Lima, de 23 anos, bicampeã estadual e vice campeã brasileira universitária em 2016; e Caio Lobato, com mais de nove medalhas em olimpíadas escolares. Depois de se tornar universitário, representou o Brasil no último Sul Americano levando medalha de bronze.
Além destes, Daniel Carvalho, de 21 anos, ficou em terceiro lugar nos jogos universitários de 2016 e dias depois, em Chapecó (SC), foi campeão por equipes.
Na próxima competição, o Sul Americano, Daniel e Katisa vão representar o Brasil e o Amapá, mas como sempre, esbarram no apoio para participar das competições.
“Desde os meus 10 anos busquei seriedade nesse esporte. Para mim, ele representa uma vida”, afirmou Daniel Carvalho.
Katisa pratica o esporte há nove anos, e diz que para se preparar para uma competição chega a treinar 3 horas por dia. Ela diz que o maior adversário ainda é a falta de patrocínio.
“A gente não tem apoio nenhum. O custo de viagens sai praticamente do nosso bolso e o clube ajuda como pode, mas a maioria dos campeonatos é custeada por nós”, reclamou a atleta.
Aniversário
No dia 26 de março, a associação vai promover um campeonato em comemoração aos seus seis anos de criação. Vão participar da competição atletas do Amapá, Guiana Francesa e do Pará.