SELES NAFES
O município de Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá, está à beira do isolamento por via terrestre. Os ônibus intermunicipais estão levando mais de 24 horas para vencer os atoleiros. As viagens noturnas estão suspensas.
O inferno começa depois da localidade de Primeiro do Cassiporé, a 90 quilômetros de Oiapoque. São seis atoleiros gigantescos que compreendem um trecho de 12 quilômetros.
Na tarde desta terça-feira, 18, um ônibus cheio de passageiros aguardava há mais de 20 horas a vez de ser puxado por um trator do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
“Mulheres, idosos e crianças estavam passando fome e sede. Não tem nenhum lugar onde comprar água ou alimentos”, relatou uma viajante que chegou a Oiapoque após 12h de sufoco em uma caminhonete, que também precisou ser puxada.
Uma das passageiros, a dona de casa Maria Teixeira, de 53 anos, estava voltando de Macapá onde faz tratamento para uma doença renal grave. Estava há horas sem beber água.
“Minha maior preocupação é não ter como avisar minha família que ainda estou aqui na estrada”, lamentava.
Por enquanto, as empresas intermunicipais estão mantendo as viagens diurnas.
“Cancelamos apenas a viagem noturna porque o Dnit disponibilizou máquinas para puxar os ônibus de 6h às 18h. Quem chega no trecho à noite precisa esperar amanhecer para ser puxado pelo trator”, explicou o diretor de Transportes da Secretaria de Transportes do Estado (Setrap), Andrey Rêgo.
O ônibus que levava equipes da Secretaria de Inclusão e Mobilização Social (Sims) para uma programação na Aldeia do Manga, alusiva ao Dia do Índio, chegou parcialmente destruído à sede de Oiapoque, após 18 horas de viagem.
O governador Waldez Góes (PDT) e o diretor do Dnit, Fábio Vilarinho, sobrevoaram a região e foram para Oiapoque nesta manhã, onde ocorrem os festejos do Dia do Índio.