CÁSSIA LIMA
A Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá (OAB-AP) informou que vai responsabilizar os policiais militares que atenderam a ocorrência do Banco Santander pela morte do vigia Adriano Fortunato da Silva, de 30 anos. Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, 12, a diretoria da instituição frisou que o funcionário foi confundido com criminosos.
Adriano Fortunato da Silva trabalhava na OAB há 3 anos e meio. Ele deixou dois filhos e esposa, que também era funcionária da entidade. O vigia morreu com três tiros no peito. Na terça-feira, 11, seu corpo foi sepultado.
De acordo com a diretoria da OAB, Adriano Fortunato era um colaborador muito atencioso e prestativo e não tinha nenhuma queixa que desabonasse a conduta correta dele. Era um homem muito trabalhador que ultimamente estudava para ser aprovado em um concurso.
“A Polícia Federal que investiga o caso já nos passou que no momento do ocorrido ele estava com um notebook em um site de estudos e com apostilas. Tudo indica que ele estava estudando no momento e saiu pra verificar o barulho e foi alvejado”, explicou o presidente da OAB Amapá em coletiva, Paulo Campelo.
De acordo com o presidente da instituição, todas as condutas criminosas que tentaram dar ao vigia são mentirosas. Uma testemunha ocular disse em depoimento que foi a polícia quem atirou em Adriano Fortunato e no criminoso que estava fugindo do banco e que não houve troca de tiros.
“Nós vamos exigir a apuração dos fatos. Mas muito nos intriga porque a polícia não aguardou a perícia e levou o corpo dele já morto para o HE. O fato dele não estar uniformizado não autoriza a polícia a atirar nele. Ainda não achamos o crachá que ele usava”, ressaltou o presidente.
Manipulação do local do crime
Imagens do circuito de vigilância da OAB já estão com a PF, mas não serão divulgadas porque estão sendo preservadas. O vice-presidente da instituição, Auriney Brito, ainda falou que apesar da sala de informática ter sido invadida, nenhuma filmagem foi depredada.
“A cópia da gravação não estava lá e sim em outra sala. A perícia constatou que o arrombamento foi feito por pessoas que calçavam botas de numero 44. Houve uma clara manipulação do local do crime”, destacou Auriney Brito.
Para o conselheiro federal e membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Maurício Pereira, o modus operandi de manipulação da cena do crime é algo que já foi constatado em outros crimes praticados por policiais militares.
“Foi utilizada uma luva cirúrgica por PMs para fazer a vítima simular tiros depois de morta. Nós encontramos essa luva na OAB, essa é a razão que já temos para responsabilizar a guarnição por homicídio qualificado e fraude policial”, alegou Maurício Pereira.
A OAB Amapá já requereu à polícia que haja o desmembramento dos inquéritos do furto ao banco e dos homicídios. O presidente da OAB informou que vai responsabilizar o porta voz da PM pelo crime de calúnia por ter divulgado que o vigia era um criminoso.