Afinal, quem é o “Bababá”?

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ANDRÉ SILVA

Pele queimada do sol, olhar perdido, carrega uma sacola nos ombros e tem um sorriso um pouco estranho: você conhece o “Bababá”? Não é difícil caminhar pelas ruas do Bairro Novo Horizonte, na zona norte de Macapá, e se deparar com essa figura muito conhecida pelos moradores daquela região.

O verdadeiro nome dele ninguém sabe qual é, mas o portal SELESNAFES.COM investigou durante vários dias a história desse personagem que desperta a curiosidade das pessoas. O SN conversou com moradores antigos e com pessoas que tiveram convivência com a família dele.

Dos quatro irmãos que Bababá tinha, três tiveram problemas com a polícia, e dois estão mortos. A mãe também já é falecida.

O apelido surgiu por causa do único som que ele emite: “ba-ba-ba!”. Ninguém sabe dizer onde ele nasceu, nem de onde a família veio, mas conhecidos estimam que ele tenha aproximadamente 50 anos.

Sabe-se que a mãe, conhecida só pelo primeiro nome, Duvalina, passou a morar sozinha com ele após a morte de um dos filhos, mas isso não durou muito tempo.

A história que o portal SN conseguiu apurar sobre a família remonta algumas décadas. Dona Duvalina e os filhos moravam no Bairro Jardim Felicidade.  A casa que deles teria sido destruída em um incêndio e, por isso, foram morar na casa do seu “Nego Lindo”.

Nego Lindo e a esposa abrigaram a família de Bababá durante 7 anos. Fotos: André Silva

O bem feitor, que não gosta dizer seu nome verdadeiro, abrigou a família a pedido da ex-mulher por mais de sete anos, idade que Bababá tinha quando saíram de lá.

Nego Lindo conta que eles foram morar no Bairro Novo Horizonte, e foi ali que as coisas ficaram ainda mais difíceis.

Diferente do que contam algumas testemunhas, Duvalina tinha cinco filhos, é o que confirma Nego Lindo. Os filhos eram: Nilson, conhecido como “Nilson Preto”, Maria Rita, Elizete, Bababá e um outro conhecido como “Raça Negra”.

“Raça Negra foi preso e morreu ainda na prisão. Disseram que ele teria matado um homem”, contou Nego Lindo.


A comerciante de açaí, Acliane Sousa Viana, de 42 anos, mora próximo da antiga casa da família e disse conhecê-los há mais de 20 anos, o tempo em que mora no bairro. Nilson Preto (irmão de Bababá), ela conta, foi morto com várias terçadadas enquanto cavava um poço. Testemunhas relataram que ele teve a cabeça decepada.

Após a morte do filho, Duvalina teria ficado com problemas mentais e foi levada pelas irmãs, segundo Acliane, para o abrigo São José, onde morreu em 2013.

“Desde que o pessoal dela veio buscá-la nunca mais ouvimos notícias dela. A Rita anda pela rua com os filhos pedindo dinheiro e a Elizete sumiu. Não tem ninguém por ele (Bababá)”, conta Acliane.

Cuidados especiais

Desde que se viu sozinho, Bababá passou a caminhar pelas ruas, sobrevivendo com o que davam para ele comer ou vestir. Foram vários os episódios em que foi agredido enquanto dormia ou tomava cachaça, sua companheira diária.

Por ser uma pessoa que não causa perturbação à ninguém, logo encontrou amigos que começaram a cuidar da alimentação e da higiene dele. Uma delas é costureira Isabel Silva Pinheiro, de 59 anos.

O filho de Isabel foi quem começou a ajudar Bababá. Hoje é a mãe quem continua o trabalho

O filho dela foi quem começou a obra. Oferecia comida, banho e roupas boas para ele. Depois que o filho faleceu, ela assumiu o comando e logo colocou um nome em Bababá: Benjamim.

“É o meu ‘Beija’. Ele vem pra cá e toma banho; a gente dá roupa boa, comida e até remédio quando ele está doente, mas não demora muito ele some de novo”, conta.

Isabel Pinheiro gostaria muito que ele tivesse um lugar para passar as noites e o dia, pois na rua ele fica muito vulnerável.

Pedro é outro protetor de Bababá: toma a cachacinha dele e não mexe com ninguém

Ao que tudo indica, Bababá está condenado a vagar pelas ruas

Amigos

Pedro Gonçalves dos Santos, de 58 anos, é um dos amigos de Bababá, que ele diz conhecer desde 1994.

“Bababá é um boêmio da noite. Gosta de tomar um cachacinha e não mexe com ninguém”, assegurou. Ele conta que por causa da profissão de vigilante sempre teve cuidado para que ninguém mexesse com o amigo.

“Ele precisa de ajuda por causa da sua própria segurança porque a noite, quando tudo que é de ruim acontece, ele fica vulnerável, então seria bom um lugar pra ele passar a noite ou ficar de vez mesmo”.

Se algo não for feito para dar abrigo e segurança a Bababá, ele continuará caminhando pelas ruas da cidade. Com a saúde frágil, até uma pequena gripe pode levá-lo a morte.

Seles Nafes
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