OLHO DE BOTO
Um esquema muito bem organizado de golpes em nome de supostos funcionários do Detran foi desarticulado no início da tarde desta quarta-feira (17) em uma ação conjunta do próprio órgão de trânsito com a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Público.
Foi presa em uma residência na Avenida Piauí, no Bairro do Pacoval, uma suposta quadrilha composta por quatro pessoas que recebia ordens de outro grupo, que operava de dentro do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), anunciando pela internet em redes sociais como Facebook e Whatsapp, a prestação de serviços como primeira habilitação, renovação de CNH, retirada de multa do sistema e também liberação de veículos apreendidos.
Comandados pelo detento Herisson Frank Gonçalves Lacerda, os criminosos chegaram a usar a identidade de um advogado conhecido em Macapá e até do próprio sargento Edivaldo Pascoal, que integra o serviço de inteligência do Detran.
“O pessoal do Iapen divulgava fotos de servidores do Detran, dentre elas minha foto mesmo foi divulgada no Whatsapp como sendo funcionário do Detran e enganando as pessoas”, disse o sargento Pascoal.
Segundo o policial, pela manhã uma das vítimas procurou o Detran para certificar se era um golpe ou não. O homem então foi informado que se tratava de um golpe e disse que já tinha marcado encontro com uma pessoa, que se identificava como sargento Pascoal, para entregar o dinheiro.
Esquema entre famílias
Até o momento, foram identificadas 25 vítimas que caíram no golpe de depositar valores em contas da Caixa Econômica Federal, para obter as vantagens oferecidas.
“Hoje tivemos a felicidade de efetuar o flagrante no momento em que os detentos pediram para alguém entregar o dinheiro no envelope de uma das vítimas. Nós conseguimos fazer a abordagem do suspeito e em seguida identificamos a residência no Bairro do Pacoval, onde havia parentes desses indivíduos que estão presos no Iapen”, explicou o sargento.
De acordo com o policial, o esquema entre os presos e seus familiares estava sendo operado há cerca de um ano. O recrutamento das vítimas era feito de forma aleatória.
Além da arrecadação de dinheiro em espécie, operada por um dos integrantes do esquema, eram também aliciadas pessoas beneficiárias do programa Bolsa Família, para depósito em suas contas das quantias que seriam retiradas pelos criminosos. A polícia ainda não tem ao certo quantas contas foram usadas, mas acredita que era uma grande quantidade, para dificultar o rastreamento.
“Será feita investigação mais completa sobre o caso para saber se há alguém envolvido do Detran ou de pessoas que já trabalharam no órgão”, destacou.
Acusados
Segundo a investigação, de dentro do Iapen foram identificados três detentos. Além de Herisson Fank Gonçalves Lacerda, participavam com ele Bruno da Silva Cardoso e um detento que está mesma cela que eles identificado apenas pelo nome de André.
As pessoas que atuavam fora do presídio são:
Geovani Soeiro Fernandes, de 21 anos. Era ele quem angariava o dinheiro subtraído das vítimas, segundo a polícia.
Mirla Pacheco, de 22 anos. Ela é esposa de Herisson Frank.
Jacirene da Silva, 45 anos, mãe do Bruno da Silva Cardoso.
Jaciara Franciele da Silva Cardoso, 25 anos, irmã de Bruno.
Vítimas devem procurar o Ciosp
A polícia pede que as pessoas que se sentiram lesadas devem procurar imediatamente a Polícia Civil para registrar o boletim de ocorrência. As investigações sobre o caso continuarão e serão encaminhadas ao Ministério Público.
Detran alerta: pagamento somente por boleto
O Detran informou que não oferece serviço por telefone, nem email. Os serviços prestados pelo órgão são pagos única e exclusivamente por meio de boletos bancários.
“É emitido o boleto, o cidadão vai em qualquer Super Fácil ou no banco e paga e conclui o serviço no Detran. Nenhum funcionário está autorizado a receber em espécie”, finalizou o sargento Pascoal.