CÁSSIA LIMA
Um projeto de TCC sobre uma cerveja artesanal de açaí e camu-camu, batizada de “Camuçaí”, gerou uma certa polêmica entre dois lados que buscam o reconhecimento pela autoria da receita. O Iepa chegou a divulgar que tinha desenvolvido o produto com uma estudante, enquanto o mestre cervejeiro e proprietário da cerveja Trina, Marcelo Fiel, garante que é autor de 99% da receita.
A polêmica sobre fabricação e autoria da bebida artesanal surgiu após publicações em sites locais de que uma aluna de biomedicina da Estácio Seama desenvolveu a cerveja durante um projeto de TCC.
Ao ser procurada para esclarecimentos pelo portal SELESNAFES.COM, a acadêmica Regina Araújo não respondeu ligações nem mensagens. Mas a orientadora dela, a pesquisadora Edluci Tostes, do Instituto de Pesquisas Científicas (Iepa), conversou com a reportagem.
De acordo com Ediluci, toda a pesquisa para a fabricação da cerveja foi feita pelo Iepa, desde a receita até a dosagem final da bebida. Mas o processamento foi feito na cervejaria.
“A formulação do açaí com o camu camu é nossa. A receita padrão foi feita por nós com os ingredientes dele. Nós fizemos uma cerveja antioxidante e esse produto ainda nem está totalmente pronto. Em nenhum momento eu tiro os créditos dele e da estrutura que usamos”, frisou a pesquisadora que informou trabalhar há um ano desenvolvendo a bebida junto com a aluna.
O mestre cervejeiro Valter Menezes, que é paulista e veio de São Paulo para ajudar na fabricação da bebida conta outra versão dos fatos. Ele diz que fez a fórmula da cerveja junto com Marcelo Fiel.
“Eu fui até Macapá para fazer esses testes. Conhecemos a aluna e provamos os extratos que foram feitos no Iepa. A Regina veio com uma proposta de usar 50% dos extratos, mas não ia ficar bem. A gente acabou mudando as proporções e fizemos o produto”, contou o mestre cervejeiro por telefone.
De acordo com o dono da cerveja Trina, Marcelo Fiel, que também é mestre cervejeiro e degustador, a aluna o procurou para fazer esse projeto e ele deixou claro que ajudaria, mas que a cerveja seria dele.
“A cerveja não foi produzida no Iepa. O Instituto entrou apenas com os extratos que são adjuntos da cerveja. É como um bolo que precisa de recheio. O recheio é do Iepa, mas a receita do bolo é nossa. 99% da receita é nossa”, ressaltou Marcelo Fiel, que diz saber a receita de cabeça.
Ele conta que todos os maltes e leveduras são da sua empresa. E que todo o processo de fabricação e experiências foi realizado no início deste mês. Além disso, ele diz ainda que irá fazer o lançamento da cerveja no início de junho.
“A cerveja é nossa. Nós ajudamos a aluna e queremos que ela dê nossos créditos ao seu projeto de pesquisa. Mesmo porque foi o nosso conhecimento aplicado, nosso material usado e nossa receita”, enfatizou.