ANDRÉ SILVA
Um pesquisador afirma que a temperatura no Amapá vai subir 1°C a cada dez anos. O estudo aponta que o motivo da alta é uma alteração na região do Amapá, Marajó e adjacências.
A pesquisa fez parte da tese de doutorado do meteorologista Jeferson Vilhena, que estudou os fenômenos meteorológicos na Ilha de Santana, a 17 quilômetros de Macapá. Para obter os resultados, ele reuniu o conhecimento climatológico de moradores que dizem quando vai chover ou quando irá fazer sol. Os trabalhos começaram em 2015.
Dentro da pesquisa, Vilhena reuniu dados da alteração no clima nos últimos 48 anos registrados através dos dados da estação meteorológico da Fazendinha, Distrito de Macapá. Segundo as informações que conseguiu obter, de 1968 a 2016 houve uma mudança na temperatura máxima de Macapá em mais 1,35 º C.
A mínima não apresentou grande alteração, mas foi bem menor se comparado a temperatura máxima de 0,6 °C em todo esse período.
“Elas estão aumentando e a tendência é que elas aumentem ainda mais. Nós registramos aumento de 1,1°C na temperatura média. Esse aumento deve se prorrogar nos próximos anos. Na máxima, a cada dez anos esta havendo, provavelmente, o aumento de 1°C e isso é preocupante”, alertou o pesquisador.
“Na mínima também há esse aumento. A tendência é que ela suba e, provavelmente, a climatologia estará fadada a temperaturas mais altas do que as de décadas passadas”, alerta o pesquisador.
Estiagem
Em 48 anos, foram 124 registros oficiais de estiagens e secas que afetaram o Amapá. As mais intensas aconteceram entre os anos de 2014 a 2016. Vilhena considera a situação preocupante.
“Elas ocorrem em uma média aproximada de 23 anos. Então a primeira foi em 1969, a segunda em 1991 e a terceira entre 2014 e 2016”.
“As produções agrícolas de um modo geral, não só da castanha, estão sendo afetadas por essas mudanças, porque como as temperaturas estão ficando cada vez mais altas e as chuvas ficando mais escassas (chovendo muito em um período muito curto), quando a gente observa isso para a produção agrícola é maléfica porque tem uma disponibilidade de água muito grande em curtos períodos. Hoje em dia a gente não vê mais aquelas chuvas que duravam três dias”, garantiu o pesquisador.
Foto de capa: Márcia do Carmo