Portadora de câncer revela como é lutar pela vida com poucos recursos

Dona de casa conta que demorou para que houvesse o diagnóstico certo. O marido abandonou o emprego para acompanhá-la em tratamento fora do Amapá
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ANDRÉ SILVA

Hoje, aos 36 anos, Ediane Cordeiro Barbosa lembra pouco a mulher elegante que fotografava muito bem. A magreza e o desgaste são causados por um câncer no útero e o tratamento agressivo contra a doença, na cidade de Belém (PA).

Além do sofrimento natural pela condição em si, ainda existe a dificuldade financeira para fazer o tratamento. Amigos e familiares estão fazendo uma corrente de solidariedade nas redes sociais. Um grande bingo beneficente está sendo organizado para arrecadar recursos para auxiliar na manutenção do casal.

O bingo está programado para o próximo dia 8 de julho. Enquanto ele não acontece, a família disponibilizou uma conta para que aqueles que puderem fazer uma doação. Qualquer valor vai ajudar o casal que se encontra desempregado.

Ediane começou a suspeitar de uma hemorragia que não parava

Ediane e o marido estão hospedados em uma casa de apoio a pessoas em tratamento em Belém.

Como a senhora descobriu que estava com a doença?

Por meio de uma hemorragia. Eu procurei um médico, mas ele só passava remédio para estancar a hemorragia e me mandava de volta para casa. Ele me orientava que se não parasse, era pra eu voltar. Procurei outro posto e consultei um outro médico porque o sangramento não parava. Então a gente viu que não era normal eu passar tanto tempo mau. Aí, minha tia mandou que eu procurasse uma médica que ela indicou.

Eu fui e à médica que pediu um exame de sangue. Quando chegou o exame, ela me falou: “minha filha, vá com urgência para a maternidade que você tem apenas alguns dias de vida”. Eu já tinha perdido muito sangue. Fizeram uma primeira biópsia e constataram que era um cisto. O médico não ficou convencido e pediu um outro que mostrou que se tratava de um câncer  no colo do útero.

Qual é a renda da sua família?

Nenhuma. Eu não trabalho. O meu marido deixou o emprego pra ficar comigo. Só quem ajuda é a família.

Ediane está em Belém e conta com a corrente dos amigos

Quantas pessoas moram com a senhora?

Eu, meu marido e meus três filhos.

O que é mais difícil no tratamento?

Tudo. Principalmente a falta de dinheiro necessário para o pagamento dos exames e me locomover. O começo foi muito difícil porque tem a questão de você chegar até o lugar para fazer o tratamento.

A senhora sente muitas dores?

Agora pouco tomei um medicamento mais forte que existe para dor: morfina, pra aguentar. São dores intensas..dói muito. Graças a Deus o Sangramento parou.

Como a senhora avalia o serviço público, ficou satisfeita com ele ?

Não. Eu não consegui nada por aí (Macapá). Simplesmente reunimos a família que juntou dinheiro e pagou minha passagem e do meu marido para eu chegar em Belém.

A senhora tentou o TFD?

Tentei, mas não consegui. Eles me deram três meses para voltar lá para conseguir. O médico já tinha dito que eu tinha poucos meses, e decidi me apressar.

Ela e o marido estão numa casa de apoio na capital paraense

Seus amigos têm ajudado? De que forma?

Sim. Eles ajudam muito agora que sabem que estou doente. Eles fazem rifa, brechó…

O que a senhora espera do futuro?

Espero voltar curada para perto dos meus filhos, voltar a trabalhar e levar a vida como eu viva antes.

O bingo beneficente vai acontecer no dia 8 de julho. Para mais informações as pessoas podem entrar em contato pelos telefones 99144-9161 ou 98122 4890 (Eunice Cordeiro) e 99176-5949 (Ediane). Para depósito, ela disponibilizou uma conta na Caixa Econômica Federal, agência 4708 e conta poupança 00000211-0.

Seles Nafes
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