A ancestralidade do corpo negro em performance

Performance de artes visuais de Valéria Ramos busca hibridismo entre a cultura afro e o o contemporâneo por meio das características corporais e da memória
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JÚLIO MIRAGAIA

A performance de artes visuais “Negro é meu corpo ancestral” ocorre hoje em única apresentação, às 16h30, na Praça Floriano Peixoto, no Centro de Macapá. O espaço é parte da programação cultural do Macapá Verão, organizado pela prefeitura nas praças e balneários da cidade.

Trata-se de um projeto da artista e pesquisadora amapaense Valéria Ramos, que trabalha com distintas vertentes da cultura negra por meio da expressão corporal e da memória. O espetáculo tem duração de 30 minutos e trabalha as artes “afro brasileira/afro” e “amazônica/amapaense”.

Na performance, serão usados elementos como alegorias do Rio Amazonas, o corpo da própria artista caracterizada como Iemanjá, batuques de Marabaixo e cânticos da Umbanda.

Na arte contemporânea, Valéria Ramos combina diferentes vertentes da cultura negra. Fotos: arquivo pessoal

Performance

“A performance traz reflexões sobre a ancestralidade afro amazônica/amapaense, fazendo link  com memórias “perdidas” bem antes da chegada dos negros africanos vindos da cidade de Mazagão Africana, com a desativação da cidade pelos portugueses, após a Guerra entre mouros e cristãos no continente africano”, explica Valéria Ramos.

 A artista diz também que a performance traz discussões sobre memória social e memória de identidade a partir do visual da performance, que oferece imagens percebíveis de o quanto o corpo transmite cultura e memória ancestral.

A artista e suas referências

Valéria Ramos, de 24 anos, é moradora do quilombo do Curiaú e pesquisa sobre arte afro brasileira e sobre a cultura nas casas tradicionais de matriz africana. A jovem artista, formanda em artes visuais pela Universidade Federal do Amapá (Unifap), realiza também estudos sobre o Marabaixo e o batuque na comunidade através da história oral, por pesquisas feitas através de registro das histórias contadas pelos “pretos velhos”.

Jovem artista e pesquisadora estuda o marabaixo e a cultura oral do Curiaú, onde mora

Como referências, ela comenta que sua obra dialoga com os trabalhos da artista plástica brasileira Djanira da Motta e Silva quando trabalha o corpo feminino. Outras referências citadas são a baiana Yeda Maria Correa de Oliveira e a amapaense Claudeth Nascimento, professora da Unifap e pesquisadora.

“A professora Claudeth Nascimento trabalha a memória histórica e social do povo de casas tradicionais de matriz africana, fazendo interfaces com a representação cultural do marabaixo e do batuque. Questões  estas que eu apreendi de suas pesquisas para apresentar as minhas questões artísticas, minhas formas de expressão artística neste  trabalho”, destaca a artista.

Performance ocorrerá na Praça Floriano Peixoto

Macapá Verão

Além da performance, a programação do Macapá Verão no domingo acontece na Fazendinha, no Curiaú e na Praça Floriano Peixoto, com outras apresentações. Confira abaixo.

 

*Júlio Miragaia (Júlio Ricardo Silva de Araújo) é jornalista.

Programação Fazendinha

 

11h – Chegada da Corrida Ciclística Macapá Verão;

14h30 – Cia. Aguinaldo Santos Corpo e Movimento;

15h – Thassy & Banda Pick;

16h – Nana & Alex;

17h – Banda Moara.

 

Programação Curiaú

 

14h – Tayson Tyassú;

15h – Marabaixo da Favela – Tradição Secular;

15h30 – Amado Amâncio.

 

Programação Estação Criança – Praça Floriano Peixoto

 

16h30 – Performance Negro É Meu Corpo Ancestral – Ana Ramos;

16h30 – Que Maravilha – Alecrim e o Livro Encantado – Almeida Canuto;

17h – O Castelinho Misterioso – Grupo Pirlimpimpim;

17h30 – O Varal – Allan Gomes;

18h – Projeto Social Ginga pra Vida – Fabiano Costa;

18h – Intervenção Poética – Carla Nobre;

18h30 – Kayeb na Pegada da Cobra Grande – Desclassificáveis Movimento;

19h – Entrei na Roda – Vanea Ávlis;

20h – O Ralho – Dinho Araújo.

 

Seles Nafes
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