SELES NAFES
A juíza Alda Gessyane Tuma, da 11ª Vara Penal de Belém (PA), indeferiu pedido da defesa para que o empresário Elton Félix Gobi Lira, de 33 anos, responda a crimes de estelionato fora da cadeia. A justiça aceitou denúncia formulada pelo Ministério Público do Pará.
Segundo os promotores que investigam o caso, Elton Lira sempre se apresentava como economista, investidor da bolsa de valores e sócio proprietário da empresa Êxito Assessoria de Investimentos.
Em 2016, ele teria captado clientes na cidade de Belém, onde recebeu valores que supostamente seriam aplicados no mercado financeiro, mais precisamente na negociação de ações. O MP afirma que, para ganhar a confiança das vítimas, ele ostentava um padrão de vida elevado.
Elton Lira se hospedava em hotéis de luxo, onde fazia reuniões, almoços e explanações para clientes potenciais. Também ostentava carros importados e viagens. De acordo com denúncia, tudo não passava de uma grande encenação.
O acusado mostrava aos clientes extratos bancários falsificados de valores supostamente investidos. Como os extratos demonstram uma alta rentabilidade, as vítimas passaram a fazer transferências para a empresa Êxito. Só uma família transferiu R$ 300 mil para a conta da empresa.
Na medida em que o empresário apresentava os falsos extratos indicando lucros, afirma o MP, outras vítimas passaram a se sentir estimuladas a investir. Famílias transferiram quantias de R$ 30 mil, R$ 90 mil, R$ 100 mil e R$ 220 mil, entre outros casos.
Elton Lira também é suspeito aplicar o mesmo golpe com dinheiro de fundos de previdência de prefeituras. Os casos ainda estão sendo investigados. O total de golpes em pessoas físicas teria chegado a R$ 900 mil, e em fundos de previdência a mais de R$ 20 milhões.
No dia 8 de junho, Elton Lira foi preso em um hotel de luxo em Brasília (DF), dois dias depois foi transferido para uma penitenciária em Belém. As investigações começaram após a denúncia de um ex-sócio, e quando vítimas não conseguiram resgatar os valores investidos.
Ao rejeitar o pedido de liberdade, a juíza de Belém avaliou que a liberdade dele oferece perigo à instrução processual.
“Analisando detidamente os autos, em que pese o respeito ao empenho da defesa, destaco que se fazem presentes os motivos legais autorizadores da prisão preventiva, pois, pelo que consta nos autos, a ordem pública, que significa a paz social e a segurança da coletividade, foi seriamente violada, com as condutas criminosas perpetradas pelo acusado, o qual, de maneira astuciosa, lesou diversas vítimas”, avaliou a magistrada.
“O fato é grave, e o Poder Judiciário jamais poderá ficar inerte diante do crime que suscitou este processo, devendo o ora requerente explicações à Justiça”, acrescentou.
Em Macapá, Elton Lira tinha uma relação estável com uma empresária do ramo de shows, promovia eventos e também prestava consultorias na cidade de Santana.