ANDRÉ SILVA
O taxista preso transportando mobílias e utensílios da chácara de um capitão da Polícia Militar na noite da última segunda-feira (26), na zona rural de Santana, foi libertado após audiência de custódia onde foi considerado inocente. Ele diz que passou dois dias preso e sangrando pelo nariz, e que teria sido ameaçado de morte.
Adolfo Batista Vanderlei, de 37 anos, trabalha há oito como taxista. Ele estava dirigindo um táxi na BR-156 na companhia de outro homem quando foi abordado pelo oficial da PM que havia acabado de descobrir que sua chácara, no Igarapé do Lago, havia sido arrombada.
O oficial deu queixa informando que encontrou o táxi com o pneu furado, parou para ajudar e descobriu que na verdade o veículo transportava os utensílios furtados de seu imóvel. Os dois ocupantes, incluindo o taxista, foram presos em flagrante.
Vanderlei procurou o portal SELESNAFES.COM para contar que nos dois dias em que passou preso ficou sangrando pelo nariz. O ferimento, segundo ele, foi fruto de agressões que teria sofrido por parte do capitão da PM, dono da casa que foi roubada.
O taxista diz que na segunda-feira recebeu a ligação de José Arcângelo Gomes Picanço, de 30 anos, também preso. Ele solicitava uma corrida até um ramal que fica antes da comunidade de Igarapé do Lago. Pela corrida, ele cobrou R$ 180.
Ao chegar no local, o motorista disse ter percebido que ao lado do portão que dá acesso à casa existe um cerca que foi retirada por Arcângelo Picanço para o carro entrar.
“Ele falou que tinha esquecido a chave do portão e entrou pelo lado. Ele pediu que eu entrasse e entrei de ré. Chegando lá, o material estava todo em frente a casa. Disseram que eu tinha participado de arrombamento de portão, de casa, é tudo mentira”, protestou o motorista.
O taxista contou que já havia feito algumas viagens para a família do bandido para a mesma localidade, e que nem desconfiou que a casa não fosse dele.
Na saída do terreno, o pneu do carro furou e foi substituído pelo estepe, mas, próximo a Comunidade Torrão do Matapi, o estepe também furou.
“Liguei para a minha mulher e pedi que ela avisasse a algum parceiro taxista para ele ir lá me socorrer. Alguns carros passavam e tentavam ajudar, mas os pneus não serviam”, lembrou.
Minutos depois, um carro tipo picape parou atrás do táxi e três pessoas desceram, um deles o capitão da PM, que estava com uma lanterna e uma arma na mão.
“Ele perguntou de quem era o carro. Eu disse que era meu e me identifiquei como taxista e disse que estava levando um material do rapaz. Quando ele focou com a lanterna dentro do carro e reconheceu os objetos já foi logo mandando eu me jogar no chão, me xingou e me deu logo uma coronhada, arrebentaram a minha cara com porrada…”, acusou o taxista.
Ele falou que o carro foi arrastado mesmo com pneu furado até o Torrão do Matapi e ficou sem condições de uso. Vanderlei alega que trabalha como auxiliar, e que o táxi, única fonte de renda da família, não é dele.
O taxista contou que foi levado para o Ciosp do Pacoval no carro do oficial e lá foi levado para uma cela onde passou o resto da noite apenas de cueca. Na terça pela manhã, ele foi levado para uma delegacia no município de Santana, a 17 quilômetros de Macapá, e lá, ele conta que teria sofrido ameaças de morte por duas vezes.
Adolfo Batista disse que agora quer justiça e que vai processar o policial que o agrediu, e exigir que sua imagem seja restaurada diante da sociedade.
“Postaram nas redes sociais e denegriram minha imagem. Vou processar quem for preciso. Eu não sou bandido”, finalizou.
Como o policial militar estava de folga, o portal SN não procurou o comando da PM para ter um posicionamento da instituição. A Polícia Civil continua investigando o caso. O criminoso preso com o taxista continua preso.