CÁSSIA LIMA
Preso por engano por 55 dias, o autônomo Alexandre Márcio Pereira Júnior, de 25 anos, tenta voltar a sua vida normal. Ele foi confundido com um traficante homônimo do Estado do Rio de Janeiro. Livre da justiça depois de um pesadelo que durou quase 2 meses, ele diz que agora busca recuperar o emprego e a dignidade da sociedade.
A prisão de Alexandre Júnior só aconteceu devido a infelizes coincidências com o traficante procurado no Rio de Janeiro. Além de ter o mesmo nome do bandido, apenas a idade muda. O autônomo tem 25 anos e o criminoso 22. Mas os nomes dos pais do autônomo são parecidos com os do procurado.
Os nomes dos pais do autônomo são: Alexandre Márcio Pereira e Andreia Aparecida Luiz Pereira. Enquanto, os dados do procurado informam que o nome dos pais dele são: Alexandre Márcio Pereira e Andreia de Almeida. O nome do pai é o mesmo dos dois.
As diferenças começam porque Alexandre é natural de São Paulo e veio morar em Macapá em 2016, com a esposa Jeane. O casal vivia tranquilamente trabalhando num salão de beleza durante o dia. No fim do dia, trabalhavam num pequeno ponto onde vendiam espetinhos durante a noite. Mas a vida mudou no dia 6 de fevereiro com a prisão do autônomo em casa, no Bairro Infraero II, na zona norte de Macapá.
“Invadiram a casa e fizeram revista, mas não encontraram nada. Foram embora, depois voltaram com a arma apontada dizendo que minha casa caiu. Eles diziam que meus documentos eram falsos. Me prenderam sem, em nenhum momento, me ouvir”, contou.
O autônomo foi para a delegacia e depois encaminhado para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). Ele passou 55 dias na prisão dividindo uma cela com 25 presos na ala provisória.
“Foi o pior local que vi na minha vida. Muita sujeira. E tinha 25 presos na mesma cela que eu. Emagreci muito porque a comida era um lixo e tive medo de morrer lá dentro porque estava com um surto de tuberculose”, destacou o autônomo.
Alexandre Júnior só foi solto no dia 31 de março, quando contratou um advogado. Ele entrou com dois pedidos de habeas corpus, mas a justiça amapaense negou o benefício. O advogado procurou a juíza e uma desembargadora do Rio de Janeiro pedindo a liberdade do autônomo inocente. Só assim a história foi esclarecida.
“Fui solto, provei minha inocência perante a justiça, mas pessoas do meu bairro me olham na rua como se fosse bandido. Não consegui de volta meus trabalhos. Eu só quero minha dignidade”, desabafou.
Para provar que é inocente, ele mora no mesmo local e hoje trabalha como ajudante de batedor de açaí. Segundo ele, foi o único trabalho que conseguiu. Atualmente, ele espera o resultado da ação por danos morais na justiça contra o Estado. Ele pede uma reparação de 100 salários mínimos, que é de R$ 93 mil.
“Eu quero minha dignidade de volta. Eu não sou bandido, nem traficante. Eu corro atrás das minhas coisas. Vim atrás de uma cidade calma pra morar, fui preso e perdi meus empregos. Quero justiça pelo que passei”.