SELES NAFES
A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) apresentou nesta quarta-feira (30) o engenheiro José Anselmo como o diretor comercial da estatal. O cargo foi criado recentemente com um só objetivo: ajudar a empresa a recuperar nada menos que R$ 196,8 milhões de contas de consumidores em atraso.
José Anselmo está no setor elétrico há mais de 40 anos, e foi convocado para atuar na reestruturação do setor comercial. Durante encontro com jornalistas nesta quarta-feira (30), o diretor reafirmou que a CEA será privatizada, e resumiu a situação financeira da companhia.
“Crítica. Tem custos elevados e baixa receita”, disse
Segundo ele, de cada 100 kilowatts comprados do mercado, a CEA só consegue vender 60%. Os outros 40% são perdidos em desvios e furtos de energia.
“Desses 60%, a gente só consegue receber 88%, muito abaixo da média nacional. São 237 mil consumidores (residenciais, comerciais, rurais e industriais) em todo o Estado. Desses, 133 mil possuem débitos, ou seja, são 70%. Do total de consumidores, apenas 27% pagam a conta até a data do vencimento”, explicou.
José Anselmo disse que a estatal vai agir dentro de uma estratégia dividida em 3 macroprocessos: melhorar a qualidade do atendimento por meio de empresa especializada, oferecer mais serviços pelo website da estatal, e combater os furtos de energia.
Além disso, ele anunciou uma campanha de negociação de débitos para o consumidor, que consiste em zerar a cobrança de multas e juros, e parcelar o saldo em até 60 vezes. A campanha começou hoje e vai durar 45 dias.
Equilíbrio distante
A conta na CEA não fecha há décadas. Há 4 anos o governo do Estado iniciou o processo de federalização da companhia. A diretoria principal passou a ser composta por indicações da Eletrobrás, e o governo ainda pegou emprestado da Caixa Econômica Federal mais de R$ 1 bilhão para cobrir o passivo. Quatro anos depois, a estatal deve outro R$ 1 bilhão para fornecedores.
“A CEA é uma empresa deficitária. Durante 10 anos não teve reajuste da tarifa, e com isso ao longo dos anos a dívida foi só crescendo. Qualquer dinheiro que se coloca numa organização nessas condições a tendência é diluir, a tendência é não melhorar. Se você não trabalha para ter uma receita compatível com a sua despesa, você nunca vai atingir o equilíbrio”, explicou o presidente da CEA, Marcelino Machado Neto.