DA REDAÇÃO
O Grupo BAP, empresa de praticagem que atua no Amapá, informou na noite desta quarta-feira (11) que o choque entre dois navios mercantes, na área de fundeadouro da Fazendinha, em Macapá, pode ter sido causado por falta de conhecimento da hidrografia da região pelos comandantes das duas embarcações.
Para evitar custos, nem todas as empresas proprietárias de navios contratam práticos, que são profissionais com profundo conhecimento sobre os canais navegáveis da região. No momento do acidente, um cargueiro estava sem prático, e o outro já havia se envolvido em outro incidente quando manobrava também sem um profissional.
O navio britânico Eden Bay está transportando trigo, e o Mazury tem uma grande carga de fertilizantes. Os dois seguiam para o Amazonas. Por sorte, não houve vazamentos, segundo confirmou a Marinha no início da tarde.
O Eden Bay já estava fundeado no local para que o comandante pudesse responder ao chamado da Capitania dos Portos, que conduz inquérito sobre o encalhe. O abalroamento aconteceu quando o navio, sem práticos, estava entre o Canal do Curuá e Fazendinha. O navio Mazury se preparava para fundear quando houve o choque.
Apesar da causa do acidente ainda não ser oficial, a empresa de praticagem BAP ressaltou que o choque ocorreu durante a maré cheia. O Mazury pode ser sido arremessado de encontro ao Eden Bay pela corrente do Rio Amazonas.
O acidente poderia ter terminado em tragédia, especialmente com a perda de vidas. Segundo a empresa de praticagem, os acidentes do tipo são comuns na Amazônia, principalmente pela ausência de práticos nos navios.
“Os práticos são capacitados para conduzir os navios em segurança, têm conhecimentos profundos da geografia da região em que atuam, evitando acidentes, prejuízos ambientais e a perda de vidas humanas”, lembrou Adônis dos Santos, do Grupo BAP.
Rota
De acordo com a empresa, a bacia hidrográfica da Amazônia é a maior zona de praticagem do mundo, e rota passagem de navios procedentes do alto-mar rumo à foz do Rio Amazonas.
“ É possível que, se os navios estivessem sob a orientação de práticos, esses dois acidentes e outros poderiam ter sido evitados, pois investimos tempo em treinamento, estudo e equipamentos de ponta para estarmos familiarizados com as profundidades, o efeito das correntes, a dinâmica particular das embarcações típicas de cada lugar, e outras características da região, o que pode evitar encalhes, colisões, danos ambientais e, sobretudo, a perda de vidas”, comentou Santos.
“Graças a Deus não houve vítimas fatais nem danos ambientais, o prejuízo foi material e para a sociedade brasileira, que vai ter que esperar um pouco mais para receber o fertilizante, que impulsiona o agronegócio da região, e o trigo, matéria prima de muitos alimentos essenciais”, acrescentou.