ANDRÉ SILVA
Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (20), o secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Ericláudio Alencar, falou sobre a série de execuções que aconteceu entre a noite de quinta-feira (19) e a madrugada desta sexta, em Macapá. Foram 7 mortos e 1 ferido.
De acordo com o secretário, nenhuma hipótese é descartada sobre as mortes, inclusive, a de que as ocorrências podem estar relacionadas à ‘guerra no mundo do tráfico entre facções’, ou pode tratar-se de uma retaliação por causa da morte do sargento da Polícia Militar Hudson Conrado, de 46 anos, assassinado com cerca de oito tiros na noite de quarta-feira (18). Ninguém foi preso.
“Temos caminhos que nos indicam que há uma guerra no mundo do tráfico, entre facções do tráfico de drogas, que estão fazendo suas vítimas. Estamos trabalhando cientificamente para que esses crimes sejam resolvidos. É só uma questão de tempo para darmos uma resposta para a sociedade”, falou o secretário.
Segundo ele, esses grupos estão sendo monitorados pela secretaria há algum tempo. Ele pediu calma para que não ocorram julgamentos precipitados.
Dos mortos, segundo a Polícia Militar, dois tinham passagem pela polícia e dois deles foram identificados com nomes falsos.
A delegada geral da Polícia Civil no Amapá Lourdes Maria Sousa disse que a polícia está investigando para esclarecer o que aconteceu. Ela acredita que a ação dos assassinatos pode ter sido coordenada para que a culpa recaia sobre a PM, e acrescentou que os peritos estão trabalhando nas provas. Eles têm até 30 dias para apresentar laudos conclusivos sobre as mortes e singularidade nos ataques.
“Nosso interesse é esclarecer o mais rápido possível para que não paire dúvidas sobre isso”, reforçou a delegada.
O comandante geral da PM, Rodolfo Pereira, falou que no momento em que ocorreu o primeiro assassinato a polícia mobilizou-se para prender os autores, mas não foi possível.
Para ele, os criminosos usaram de “boa estratégia utilizando veículos em horário de bastante fluxo na cidade, o que dificultou a chegada até eles”, falou.
“Mas tivemos um empenho dos policiais para encontrar esses suspeitos, mas não foi possível”, repetiu o comandante.
Sobre a possibilidade de participação de policias nos crimes, o coronel falou que não há nenhuma acusação contra qualquer policial na corregedoria. Ele considera que a falta de informações nos locais onde ocorreram as mortes dificulta a identificação dos criminosos.
“O que a gente vê são especulações querendo ligar um crime ao outro”, lembrou.
Mortes na madrugada
Entre 23h de quinta-feira, e 3h desta sexta-feira, 6 pessoas foram mortas com indícios de execução, em diferentes bairros de Macapá. Duas vítimas de tentativa de homicídio foram internadas no Hospital de Emergências em estado grave. Na tarde desta sexta, uma delas morreu, subindo para 7 o número de mortos.
Vítimas
Alexandre de Freitas Leão, 19 anos (Pedrinhas)
Lucas da Cruz Corrêa, 22 anos (Universidade)
Stanley Lobato Mira, 24 anos (Buritizal)
Breno Ruan Lima de Souza, 22 anos (Cidade Nova)
John Lenon Mourão Feitosa, 34 anos (Marabaixo)
Dinaldo Macedo de Lima ,29 anos (Novo Horizonte)
Jonatas Moraes de Melo, 19 anos (Buritizal) – morto nesta sexta-feira, no hospital
Ferido
Arlon Moraes de Melo, 35 anos (Buritizal)
Vítimas com passagem pela polícia
Alexandre de Freitas Leão tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas, lesão corporal e roubo; Stanley Lobato Mira já havia sido preso por porte ilegal de arma. Arlon Moraes de Melo, que continua internado em estado grave, também já foi preso. A polícia não informou sob qual acusação.