SELES NAFES
Um caso da crônica policial que andava esquecido voltará à tona nesta quinta-feira (26), na cidade de Euzébio, a 15 quilômetros de Fortaleza (CE). Um procurador de justiça do Ministério Público do Amapá, já aposentado, senta no banco dos réus acusado de assassinar um delegado da Polícia Civil cearense.
O acusado é o procurador Ernandes Lopes Pereira, hoje com 69 anos. Ele fez carreira no Amapá até se aposentar no início dos anos 2000. Na noite de 13 de agosto de 2008, ele estava na companhia do amigo de infância, o delegado de polícia Cid Peixoto Amaral, de 60 anos.
Segundo a denúncia do MP do Ceará, procurador havia buscado o amigo para conhecer a mansão que ele havia construído para sua aposentadoria. Os dois estavam numa saca bebendo uísque quando houve o disparo. O tiro de uma pistola Glock 380 acertou a cabeça do delegado que morreu no local.
O procurador permaneceu na casa até a chegada da polícia e a equipe de socorro, mas foi preso em flagrante. Ele chegou a ficar preso por mais de um ano em um quartel do Corpo de Bombeiros, mas foi beneficiado por habeas corpus em 2009.
No momento do crime, estavam na residência a mãe do procurador, que tinha 89 anos e morreu durante a instrução do processo; e o motorista do delegado, considerado testemunha chave nas investigações, além da esposa da vítima e outras pessoas.
O Ministério Público denunciou o procurador por homicídio duplamente qualificado com motivo torpe. A denúncia afirma que o procurador estaria embriagado, mas os motivos do crime não são claros.
Depois de 9 anos e vários recursos para tentar desqualificar a denúncia, o juri será realizado às 9h na cidade de Euzébio. Ernandes Lopes Pereira será defendido pelos advogados Maurício Pereira (AP) e Américo Leal (PA).
Pereira reafirma que o tiro foi acidental.
“A mais pura verdade é que ele (o procurador) foi tentar dar um golpe para tirar o carregador (pente de munições), e no momento em que fez o gesto a arma involuntariamente disparou, atingindo o delegado de forma mortal na lateral da cabeça. Foi uma tragédia”, argumenta o advogado Maurício Pereira.
“Não havia qualquer motivo. (…) Depois do tiro ele permaneceu no local e chegou a entregar a arma com as munições para a mãe do amigo”, acrescenta.
Uma reportagem da TV Verdes Mares (afiliada da Rede Globo), de 2008, narra os acontecimentos seguintes ao crime. Assista!