ANDRÉ SILVA
A onda de violência que vem atingindo o Estado do Amapá nos últimos tempos fez o presidente da OAB, Paulo Campelo, protocolar na última terça-feira (24), em Brasília, um pedido de intervenção da Comissão Nacional dos Direitos Humanos no Estado. O anúncio foi feito pelo advogado Maurício Pereira, membro da comissão, na manhã deste sábado (28). Ele deve ser designado para acompanhar as investigações de 7 mortes ocorridas a duas semanas.
A comissão é um órgão consultivo da presidência nacional da OAB que age quando solicitada pelas seccionais. Também estuda fenômenos que envolvem as questões de direitos humanos.
Maurício Pereira garante que dos sete mortos no dia 18 de outubro, apenas dois tinham passagens pela polícia, e não três como autoridades afirmaram. As mortes ocorreram horas depois do assassinato do sargento da Polícia Militar Hudson Conrado. Uma das vitimas continua internada. No entanto, a Polícia Civil afirma que os casos têm relação com o tráfico de drogas.
Maurício Pereira diz que o sistema Tucujuris, que concentra os processos judiciais do Amapá, mostra que uma das vítimas respondia por furto qualificado e outra por violência doméstica na comarca de Oiapoque.
Ao contrário do que relatou a cúpula da segurança pública em coletiva no dia 20, ele não acredita em ação isolada de facções criminosas, e diz que se tratou do mesmo fenômeno que gerou a chacina de um ano atrás no município de Santana, onde quatro foram mortos.
“Eu não posso dizer que foram policiais. Eu vejo que há uma conexão. Isso aí é a policia que deve investigar e que vai dizer. Essas pessoas fizeram (mataram) aleatoriamente”, afirmou advogado.
Maurício Pereira compara os assassinatos em série ocorridos em Macapá a outros dois casos que aconteceram no Brasil, um deles no Pará após a morte de um policial que culminou no assassinato de 29 pessoas com e sem antecedentes criminais.
Outro caso envolveu PMs e um guarda que foram acusados de matar 17 pessoas e ferir outras sete em 13 de agosto de 2015, em Osasco e Barueri (SP).
“A ação da OAB não é contra policiais. É uma ação de direitos humanos que busca coibir a violência como fenômeno social”, finalizou.