Ágora, coluna de JÚLIO MIRAGAIA
Macapá tem um cartão postal sem igual em beleza e simbolismo: sua orla banhada pelo Rio Amazonas. A paisagem atrai turistas e moradores para o deslumbramento nos fins de tarde e em outros momentos.
Porém, no coração de sua orla, no complexo Beira Rio, o ponto turístico padece com o mau gosto dos proprietários dos quiosques, que realizam há anos uma verdadeira guerra sonora, disputando entre si quem despeja a maior quantidade de decibéis nos ouvidos do seu público e de quem passa por ali.
Nada contra a preferência musical alheia. O problema na Beira Rio não é necessariamente porque toca sertanejo, pagode ou música amapaense. O incômodo está na falta de noção em colocar o som no máximo volume. É certo que a aloprada atitude espanta do ambiente uma clientela mais familiar que poderia prestigiar o local.
Antes que digam que estou apenas criticando, os quiosques da orla oferecem sim um ótimo cardápio. Este colunista no último feriado saboreou um delicioso camarão ao molho branco e uma caipirinha mais do que aprovados no Matupiri.
Reforço. Digo isso não por implicância com o que se ouve, mas porque a poluição sonora pode causar danos ao corpo e a qualidade de vida.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um ruído de 50 decibéis já prejudica a comunicação e, a partir de 55 decibéis, pode causar estresse e outros efeitos negativos. Ao alcançar 75 decibéis, o ruído apresenta risco de perda auditiva se o indivíduo for exposto ao mesmo por períodos de até oito horas diárias.
Por essa lógica, pensemos menos no público e mais nas pessoas que ali trabalham expostas ao som alto. Será que já não estão com sua audição prejudicada? Não sei exatamente quanto é emitido em decibéis, mas é certo que é um nível que incomoda.
Finalizo avaliando que a barulheira, que faz com que nem saibamos ao certo o que estamos ouvindo, é um desagradável ingrediente que mais atrapalha do que ajuda quem empreende nos quiosques da Beira-Rio. Fica a dica.