Crônica, por SELES NAFES
Não é a primeira vez que um prefeito de Macapá tenta organizar o Complexo Beira-Rio, que até a semana passada mais parecia um grande feirão.
Anníbal Barcellos tentou, João Henrique chegou a mandar recolher os ambulantes que vendiam bebidas, e Roberto Góes criou um novo espaço para eles. Nada surtiu efeito por muito tempo.
Por serem políticos, esses prefeitos não resistiram ao desgaste da medida antipática, e acabaram no fim das contas engrossando a vista quando os ambulantes foram aos poucos retornando.
Com Clécio Luis não será muito diferente, mas ele tende a resistir por mais tempo, afinal, terá mais de 3 anos de mandato sem precisar se preocupar muito com o descontentamento dos batateiros e vendedores de caipirinha. Além disso, tem o MP bufando em sua nuca pelo reordenamento da orla.
É claro que existe o desgaste político, mas esse é mesmo um mal necessário. Se não, quando teremos uma orla organizada e bela, à altura do maior rio do mundo e da mais majestosa fortaleza da era portuguesa?
Por outro lado, não pode ser ignorado o fato de que os ambulantes são ambulantes por falta de opção, frutos do fenômeno brasileiro que gerou o “empreendedor na marra”. Eles precisam ter oportunidade de qualificação para se reposicionar no mercado de trabalho. Um outro local para vendas, com ordem, também seria muito bem vindo.
Outro fato a ser observado: como ocorre nas invasões, há muita especulação e gente de má fé se aproveitando do desespero alheio. Já foi comprovado pela PMM que vários ambulantes tinham até 3 carrinhos, e alguns trabalhavam ali para comerciantes endinheirados, pagando aluguel do da barraca e do espaço.
Já dá para ver de novo o Rio Amazonas e andar pelo calçadão, e ainda comprar uma batata-frita numa das 39 barracas que tiveram permissão para ficar.
A Beira-voltou. Até quando? Difícil dizer.