ÁGORA, coluna de Júlio Miragaia
Quando pensávamos em futuro, anos 2000, 2020, tempos atrás imaginávamos tecnologia de ponta e qualquer coisa relacionada a avanços extraordinários para a humanidade. Porém, chegamos a 2017 aterrissando não na atmosfera de outro planeta com vida inteligente, como em uma ficção científica, mas num oceano de problemas sociais, ideológicos e civilizatórios que espantaria qualquer otimista vindo dos anos 1990 com uma máquina do tempo.
Problemas como o racismo e a ânsia por aparecer a qualquer custo em uma sociedade do espetáculo permeiam essa época de trevas, apesar dos avanços tecnológicos.
O caso recente envolvendo a suposta socialite Day McCarthy, que ofendeu em um vídeo a filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, é um exemplo claro da combinação entre esses dois problemas.
Day McCarthy, que se diz escritora, chamou a filha do casal de atores globais de macaca e xingou os traços da menina, de apenas quatro anos de idade. O casal denunciou a agressora que foi identificada e terá que responder à polícia e à Justiça pelo crime de injúria racial, estando sujeita a pena de um a três anos de prisão.
Visivelmente não tendo necessariamente um padrão racial europeu, o caso de Day McCarthy parece uma tentativa de chamar atenção a qualquer custo, pois a mesma já esteve envolvida em outras polêmicas.
Esse episódio é a ponta do iceberg de um território cada vez mais hostil: as redes sociais. Compreendida por um exército de ignorantes como “terra de ninguém”, na internet covardes, intolerantes e agressores se sentem seguros para cometer crimes, ofender e organizar ataques contra celebridades ou pessoas comuns, vai do contexto.
Em novembro de 2016, a família Gagliasso já havia sofrido ataques racistas contra a filha em uma postagem de Giovanna Ewbank. A sensação ilusória de impunidade faz com que racistas e outros tipos de preconceituosos saiam do armário. Porém, atitudes como a do casal são fundamentais para combater os cyber criminosos.
Poucos dias após o Dia da Consciência Negra somos ainda obrigados a testemunhar pessoas como a dita socialite que insistem em fazer a humanidade andar para trás. Felizmente, como nas ficções científicas de futuros apocalípticos, há sempre os que resistem, questionam e insistem para que avancemos.