SELES NAFES
A tarde desta quinta-feira (14) foi especial para um grupo de servidores do Pronto Atendimento Infantil (PAI), e mais ainda para Alice da Silva Cardoso, de 50 anos, que finalmente recebeu amparo do poder público. Por volta das 15h30min, ela foi levada pelo Corpo de Bombeiros do Amapá para receber cuidados.
Quando as equipes do Corpo de Bombeiros e do setor de humanização do Hospital de Emergência chegaram, Alice não criou problemas. Depois de mais uma noite na calçada, desta vez com chuva forte, ela se levantou e obedeceu a ordem das equipes serenamente. Deitou na maca, e se deixou ser levada para dentro de uma ambulância.
“Eu chorei. Era o que todos nós queríamos”, diz Regiane Vidal, uma das servidoras que acompanhou o drama de Alice nos últimos anos.
Alice Cardoso tem transtornos mentais. Quando era criança, a mãe foi morta pelo próprio pai que em seguida cometeu suicídio, quando família morava na cidade de Pedra Branca do Amapari, a 180 quilômetros de Macapá.
Depois da tragédia, ela foi adotada por uma idosa, que morreu em 2002 aos 92 anos de idade. A casa foi vendida pelos filhos da mãe adotiva e Alice ficou sem lar. Ainda tentou ser empregada doméstica até perder a consciência lógica para a doença.
Nos últimos 15 anos, ela dormiu debaixo de uma marquise do PAI. Mas, como o lugar está em obras, ela perdeu o velho abrigo e passou a dormir na calçada em frente ao hospital há cerca de 10 dias.
No início do ano, funcionários do PAI, que ajudavam no asseio e alimentação da moradora, procuraram o Ministério Público. O MP ingressou na Justiça contra a prefeitura de Macapá e o governo do Estado. O caso foi mostrado por SELESNAFES.COM na última terça-feira (12).
“Uma pessoa da equipe me disse que apenas hoje a decisão judicial chegou nas mãos do Estado”, comentou Regiane Vidal.
Alice Cardoso foi levada para o Hospital de Emergência de Macapá onde vai passar os próximos dias fazendo exames e será medicada contra algumas doenças, entre elas uma infecção urinária crônica. Quando receber alta, ela será encaminhada para a Clínica de Psiquiatria do Hospital de Clínicas Alberto Lima, onde ela não poderá ficar internada indefinidamente.
“Mas já é uma vitória. É o que o Estado pode fazer nesse momento”, pondera a servidora.