SELES NAFES
O Amapá acaba de dar um passo gigantesco para se tornar um grande produtor de alimentos. Nesta terça-feira (5), o Estado recebeu oficialmente, do Ministério da Agricultura, a certificação de área livre de aftosa com vacinação.
O certificado foi entregue pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ao governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), e a pecuaristas durante solenidade que reuniu dezenas de produtores e empresários no auditório do Sebrae, em Macapá.
O Amapá tem o segundo maior rebanho bubalino do Brasil (cerca de 350 mil cabeças), mas sempre foi impedido de vender carne processada para outros estados, e, principalmente, para outros países. Há décadas o Estado perseguia o reconhecimento de estar livre da doença, mas foi o último do Brasil a receber a certificação.
O ministro Blairo Maggi, que também é um dos maiores produtores do Brasil, disse que o Amapá reúne condições diferenciadas para ser um gigante na produção de alimentos e logística de transporte, referindo-se à localização do Porto de Santana.
“Vocês serão muito competitivos. Não tenham vergonha de defender o agronegócio. O Brasil tem 66% do território preservado, e o Amapá tem 71% de suas terras intocadas, então não pode ter receio de investir no agronegócio. Vocês vão fazer a pecuária integrada com a agricultura e o desenvolvimento sustentável”, comentou o ministro.
O governador Waldez Góes lembrou que como técnico em agropecuária foi capaz de ver a aftosa em atuação, e que agora é preciso lutar para manter o rebanho livre da doença.
Ele também concordou que o Amapá será um grande produtor de alimentos, especialmente de proteína animal e derivados do leite, e não apenas por possuir o segundo maior rebanho bubalino do Brasil, mas também pela qualidade genética dos animais aprimorada ao longo de dezenas de edições da Expofeira. Os eventos permitiram a introdução de animais de alto padrão nas fazendas locais.
“É mercado certo”, disse ele. “O Amapá livre de aftosa é fruto do esforço de muitas mãos, a começar pelos pecuaristas, veterinários, extensionistas, dirigentes e a imprensa que ajudou criando essa consciência. Temos vocação para a produção de alimentos que tem muitas condicionantes, e a principal delas é a parte sanitária. Em nenhum mercado é possível comercializar sem um selo sanitário”, ponderou.
O senador Davi Alcolumbre (DEM), que acompanhou o ministro de Brasília até o Amapá, lembrou que a entrada do Amapá para o grupo de estados sem aftosa credencia o Brasil a ter o certificado internacional.
“Em maio do ano que vem, em Paris, haverá um encontro de 181 países na Organização Mundial de Saúde. O Brasil poderá ser reconhecido como área livre de febre aftosa com vacinação, podendo exportar para outros países”, adiantou.
Os pecuaristas do Amapá, claro, foram os que mais comemoraram a entrega da certificação.
“Vai melhorar bastante. A gente vinha lutando pra isso. Vamos trabalhar ainda mais, trabalhando com bubalino e bovino. Com a chegada da soja vai dar pra trabalhar mais com bovino, porque vamos confinar o gado que fica mais valorizado”, adiantou um dos maiores pecuaristas do Amapá, Manoel Jesus da Silva, o “Seu Jesus”. Ele atua nos municípios de Mazagão, Ferreira Gomes e Tartarugalzinho.