ANDRÉ SILVA
Haroldo Wilson Leal Abdon, de 47 anos, o “Haroldo da Topfiat” (PPL), nasceu no município de Chaves, no Pará, e veio para o Amapá no ano de 1986, aos 13 anos, para estudar e trabalhar.
Em entrevista ao Portal SELESNAFES.COM, o deputado empossado no último dia 14 de dezembro, no lugar da ex-deputada estadual Mira Rocha (PTB), contou como foi sua vida na juventude, e como conseguiu superar as dificuldades e vencer na vida.
Ele já vendeu roupas, teve um bar onde chegou a morar e vendeu jóias com a mulher com quem é casado há 22 anos, e tem dois filhos. Haroldo Abdon Já sofreu cinco assaltos, e, em um deles, disse que quase viu uma tragédia acontecer com a família.
Nas eleições de 2014, ele foi o 14º deputado estadual mais votado, mas, por causa da coligação, não conseguiu eleger-se, ficando em 25º, assumindo o cargo de suplente. Haroldo Abdon disse que pretende fazer a diferença e ser uma outra opção para a política no Amapá.
Como o senhor veio parar em Macapá?
Eu vim para Macapá em 1986. Vim garoto. Vim para trabalhar e estudar. Daqui, fui para Fortaleza, no Ceará, para estudar, e voltei com 22 anos.
Como o senhor entrou na vida empresarial?
Quando fui para Fortaleza, fui trabalhar nas lojas dos meus tios. Eles tinham lojas de confecções e foi lá que aprendi a trabalhar no comércio. Em 1992, voltei para Macapá para trabalhar. Vim vender roupas, aventurar. Peguei um ‘bico’ muito grande com a venda dessas roupas e decidi voltar para Fortaleza.
Como foi essa experiência com a venda de roupas?
A praça de Macapá é um pouco complicada. Eu ia embora para Fortaleza porque perdi quase todo o meu dinheiro por não conseguir receber. Eu já ia embora. Tinha três mil reais no bolso para colocar o carro na balsa e ir embora, quando resolvi abrir um bar, que à época, funcionava na rampa do Santa Inês.
Como foi a experiência como dono de bar?
Comecei trabalhando muito, com cinco grades de cerveja e cinco de refrigerante, todas no fiado. Foi uma luta. O rapaz acreditou em mim e me vendeu fiado. Fui trabalhando, pagando. Dormia no bar mesmo, por cima das grades porque não tinha casa. Sempre fui corajoso, apostando no meu trabalho e trabalhando direito para ter êxito na minha barraca. O sonho não demorou muito porque, à época, o prefeito da cidade, o Barcelos, mandou tirar todas as barracas de lá, e fiquei novamente desempregado. Nessa época eu já tinha um filho e tudo, era muita responsabilidade. Depois disso fui vender jóias nas secretarias e passei quase dois anos nisso.
Como você começou a trabalhar com peças de carro?
Sempre quis abrir uma loja de peças para mim. Meu pai me ajudou. Vendi um terreno que eu tinha e foi quando comecei minha lojinha. Ela era uma loja pequena, quatro por quatro. Abri em 1999, e fui trabalhando, fazendo um trabalho direito, procurando ser correto. Eu inovei em Macapá, porque naquela época, elevador de carro só tinha em concessionária. Com um pouco de visão e tudo, comprei um elevador e comecei a oficina, e comecei a agregar peças e serviços. Comecei com um elevador. Fui trabalhando, pagando meus fornecedores corretamente para poder ter crédito, e foi aí que consegui crescer e aumentar a oficina. Trabalhava de domingo a domingo para fazer o negócio crescer. Passei dois anos sem ir almoçar em casa. Cheguei a almoçar refrigerante com biscoito e não era por miséria e sim porque não tinha tempo mesmo. Eu trabalhava só. Queria vencer, então trabalhei muito mesmo, das seis da manhã até onze da noite, para entregar o carro do cliente. Foi assim que eu consegui crescer em Macapá e construir meu patrimônio.
Quando o senhor decidiu entrar na política e por que?
A herança que eu tenho de política vem do meu pai. Ele mora no município de Chaves, no Pará, onde alcançou oito mandatos de vereador. Resolvi me candidatar porque já ajudei vários políticos aqui em Macapá e a gente não vê resultado. Eu não preciso de política para ficar rico, pra sujar meu nome para virar ladrão, não preciso. A gente tem que estar na política para fazer a diferença, para fazer um bom trabalho de parlamentar para desenvolver esse estado. Se começarmos a fazer a diferença, o mínimo que seja, acredito que a gente já começa a sentir bem o por que de estar na política.
Como foi a sensação de quase ter sido eleito em 2014?
Nós fizemos uma campanha bonita e ficamos em décimo quarto como deputado mais bem votado, infelizmente, foi coligação que nos deixou de fora. Foi muito bom, a primeira vez como candidato fui muito bem votado. O povo do Amapá acreditou em mim e me deu os 5.545 votos pelos quais eu sou muito grato.
O senhor imaginava que assumiria a cadeira na Alap nas circunstâncias que ocorreu?
Sinceramente, não. Esse processo [que investigava Mira Rocha] começou no TRE em 2014, com o Ministério Publico Federal, e estava emperrado em Brasília. Eu só vim assumir por conta desse processo de improbidade administrativa que corria aqui pelo Ministério Público Estadual, mas te juro que não esperava. Para mim foi uma surpresa.
Qual sua pretensão para 2018?
Primeiro aproveitar este um ano de mandato que, com a eleição, a gente só tem nove meses, procurar fazer um bom trabalho e trabalhar para se reeleger. Tenho certeza que em um mandato novo a gente vai poder fazer muito mais.
A Alap passa por um momento difícil, deputados sendo acusados de envolvimento em corrupção, inclusive com alguns presos na operação Eclésia. Como o senhor pretende se destacar e ganhar a confiança da população?
Acho que para ganhar a confiança da população a gente precisa fazer um bom trabalho em benefício do povo, porque nós, deputados, somos eleitos para legislar em benefício deles e fiscalizar o executivo. O papel do deputado é esse. E, sinceramente, eu não preciso sujar o meu nome com roubalheira e estar envolvido em corrupção porque eu não preciso disso. Trabalhei muito para conquistar um patrimônio e, acima de tudo, eu construí um nome em Macapá. Eu sou conhecido como uma pessoa trabalhadora, eu vim de baixo para chegar onde cheguei. Hoje estou deputado e preciso honrar o meu nome. Não tenho pretensão nenhuma em me transformar em um corrupto. Quero honrar o meu nome acima de tudo, foi o que meu pai pediu: honrar o nome dele.
Você se considera uma pessoa honesta, por que?
Sim. Sou um cara trabalhador. Cheguei onde cheguei não foi enganando ninguém. A maioria dos empresários cresceram vendendo para o governo e eu não, cresci vendendo para o varejo. Cheguei onde cheguei honrando os meus compromissos, sempre paguei todo mundo, graças a Deus. Me considero uma pessoa honesta, cresci sem precisar passar a perna em ninguém. Quem cresce passando a perna nos outros, lá na frente a queda é grande porque Deus não dorme.
O senhor protocolou um projeto de lei na Alap que promete resolver um grande problema para o governo que é o Tratamento Fora de Domicilio (TFD). Fale sobre ele.
Esse projeto é para criar um banco de milhas no CNPJ do estado. Acredito que o maior gargalo chama-se TFD. Hoje, o TFD é um problema sério. Pessoas que precisam de tratamento fora de domicílio não conseguem passagem ou já esgotou, e o governo gasta quase R$ 1,8 milhão mensais com contrato com a agência. Eles compram a passagem, ganham a milha e vendem a passagem para o governo, e ficam com a milha. Esse projeto visa criar o banco de milhas para que o Estado use essas milhas para comprar outras passagens. Acredito que o Estado vai economizar 50% com passagem. O projeto prevê que toda milha gerada devido a compra de passagem feita por todos os órgãos do governo vá para esse banco de milhas. Cinquenta por cento dessa milha será destinada para o TFD, 30% para o esporte e 20% para os funcionários públicos que precisam de tratamento fora de domicilio. Tenho certeza que se não acabar o contrato com a agência, o que acho difícil, a economia vai chegar a 50%. Vai acabar esse problema de se humilhar para conseguir uma passagem para se tratar fora do estado. Ele já foi lido na Alap e foi encaminhado para as comissões e eu vou trabalhar para que ele seja aprovado. Tenho esperança de que o governo sancione o mais rápido possível.